É para rir

Andares apressados e olhares desconfiados ganham um sorriso no movimentado horário de rush da avenida Paulista, ao lado do parque Trianon, bem em frente ao vão-livre do Masp.

O responsável pela reação inesperada é um rapaz que está sentado diante de uma carteira escolar repleta de penduricalhos, aparentemente indiferente ao "frisson" do fim de tarde.

Fixada numa mochila acomodada ao chão, uma pequena placa anuncia: "Conto piada de graça".

Karime Xavier/Folhapress
Artistas de rua da Paulista, do Ibirapuera e do Minhocão ganham a companhia de um contador de piadas
Artistas de rua da Paulista, do Ibirapuera e do Minhocão ganham a companhia de um contador de piadas

Gabriel Cielici Dias, 28, mira as pessoas e dispara: "Cupcake é uma farsa. Ele é só um muffin de peruca". A pressa cede um bocadinho de espaço para a curiosidade. "Um dia, fumei um baseado tão forte que dormi três minutos. Sei que parece pouco, mas eu estava dirigindo." Gargalhada geral.

Santista que mora há seis meses em São Paulo, Gabe, como é conhecido, elegeu três pontos estratégicos da cidade para disseminar humor. De segunda a sexta, das 14h às 18h, ele conta piada na Paulista. Aos sábados, ele se instala no Ibirapuera, das 9h às 17h. Lá, se sente trabalhando num parque de diversões. "As pessoas são muito receptivas, querem absorver a natureza e tudo o que rola ao seu redor", diz. Domingo é dia de Minhocão: "quase um clube família".

Em suas andanças, o comediante carrega consigo seis caderninhos. Constam das páginas cerca de 300 piadas, oferecidas ao público em temas recorrentes entre os humoristas —ex-namorado(a), animal, maconha— e aleatórios. Desta última categoria, uma tirada quase infame vem arrancando risos "amarelos" dos paulistanos. Conta Gabe: "Queria pensar numa piada de racionamento de água. Passei 45 minutos debaixo do chuveiro e não me veio nada na cabeça".

A ideia de sair contando piada surgiu num café da Vila Buarque, quando Gabe, seguindo os passos de Woody Allen, resolveu trocar a solidão do apartamento pelo manancial de informações da rua. "Vivia escrevendo sozinho em casa, mas percebi que a inspiração está no lado de fora."

É claro que uma graninha é bem-vinda. Tem gente que dá R$ 5 ou R$ 10. Essas experiências por São Paulo também ajudam a compor o stand-up que o comediante apresenta às terças-feiras no Frey Café & Coisinhas, na rua Frei Caneca -"sem piada misógina, homofóbica ou racista", avisa.

Ora engraçadas, ora nem tanto, as piadas de ocasião podem tornar a cidade um pouco mais risonha ou, quem sabe, "um pouco mais gentil", como sonha Gabe.

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NÃO QUERO NEM COMO VIZINHO

O deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ). Como recebo muitos amigos gays em casa e a gente adora ouvir Gloria Gaynor e George Michael em alto volume e dançar muito, com plumas, perucas e glitter, não sei em qual fantasia esse senhor se encaixaria!

Carmem Lúcia Gomes, 53, pesquisadora, Vila Romana

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NUMERALHA

1921
Foi o ano da instalação do relógio externo do Mosteiro de São Bento, uma relíquia mecânica de fabricação alemã, considerado o mais precioso de São Paulo

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DIA DE DOMINGO

Divulgação
Juliana Araripe, 36, atriz, roteirista e apresentadora do Food Network Brasil
Juliana Araripe, 36, atriz, roteirista e apresentadora do Food Network Brasil

Juliana Araripe, 36, atriz, roteirista e apresentadora do Food Network Brasil

MANHÃ
Durmo com as minhas amadas borrachas de ouvido laranja e com meu tampão de olho. Minha filha, Calu, 10, também acorda tarde (treinei bem). Tomamos café da manhã, normalmente fazemos o pacote de pão de queijo e comemos tudo!

TARDE
Gostamos de ir à Ceagesp, que é perto de casa, para comprar frutas e queijos. Sim, comemos pastel lá! Vamos ao cinema, daqueles com poltrona que deita, ver algum filme. Às vezes, durmo lá, o cinema é incrível para dormir!

NOITE
Pedimos pizza, mas na segunda faço jejum ou tomo sucos 'detox'. No fim do dia, sempre jogamos algo ou temos conversas profundas sobre as coisas e a vida. Conversar com minha filha, às vezes, é melhor do que ler livros de filosofia...

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MEU LOOK É ASSIM...

...É o resultado da minha evolução pessoal, de tudo o que eu conquistei na minha vida

Kelly Cristina Fernandes, 26, arquiteta, Consolação

Lucas Lima/Folhapress
Kelly Cristina Fernandes, 26, arquiteta
Kelly Cristina Fernandes, 26, arquiteta
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