A crise de abastecimento está longe da região da rua 25 de Março, no centro paulistano. Ao menos no quesito fantasias para o Carnaval. Nada de máscaras do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), tampouco de qualquer outro personagem que possa remeter aos tempos de escassez no Estado paulista.
Segundo funcionários de lojas ouvidos pela sãopaulo, em vez de pessoas relacionadas ao racionamento de água, clientes estão à procura de máscaras de Nestor Cerveró, ex-diretor da Petrobras investigado na Operação Lava Jato. Mas a peça também não está à venda. No Rio, a dona de uma fábrica que confecciona máscaras desistiu de produzir a imagem, segundo ela, por pressão do advogado de defesa de Cerveró.
| Sérgio Lima/Ernesto Rodrigues/Folhapress | ||
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| À esq., o ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró; à dir., o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin |
"Não deu tempo", comentou nesta terça-feira (3) Pierre Sfeir, proprietário de uma loja de fantasias na Ladeira Porto Geral, acerca da falta de fantasias relacionadas à crise de abastecimento. "Normalmente, planejamos com meses de antecedência e não pensamos nisso. Agora, vai ficar para o ano que vem."
Em outros pontos da região, funcionários costumavam responder à pergunta se havia fantasias ou máscaras que remetem ao tema com outra pergunta: "Como ninguém teve essa ideia?".
Alguns vendedores tentaram oferecer alternativas, como Nídia Rocha de Araújo, 40. Inspirada por uma mensagem que disse ter visto circulando em uma rede social, ela sugeriu uma fantasia de chopinho: uma roupa unissex que imita uma caneca cheia (R$ 84). A explicação dela foi simples: "Sem água não há cerveja".
Em uma loja vizinha, a opção era um macacão do Zé Gotinha, conhecida figura das campanhas de vacinação, por R$ 220. A única ressalva do vendedor: quem escolher a fantasia tem de estar preparado para suportar o calor dentro dela.