Prefeitura liberou 1.619 ambulantes no Carnaval da Vila Madalena

Quem pulou Carnaval na Vila Madalena certamente teve que, em algum momento, abrir caminho para ambulantes que empurravam isopores com bebidas, em improvisados carrinhos de carga. Eles estavam em todos os lugares, enquanto os bares optaram por fechar as portas.

No sábado (14) de Carnaval, enquanto preparava lanches em sua van-lanchonete, uma vendedora de cachorros-quentes reclamava da concorrência improvisada: "Ouvi dizer que a prefeitura deu 5.000 autorizações, para qualquer um que quisesse".

A estimativa de 5.000 foi exagerada. Mas a Prefeitura de São Paulo autorizou 1.619 ambulantes a atuarem nas vias onde haveria blocos de rua na vila. Considerando que a folia se concentrou em cerca de 15 quarteirões (formados pelas ruas Mourato Coelho, Fradique Coutinho, Fidalga, Aspicuelta e Girassol) foram mais de cem ambulantes autorizados por quarteirão. E, levando em conta o número máximo de 15 mil foliões permitidos no perímetro da folia no último sábado, tinha-se um ambulante para cada dez foliões.

Diante da concorrência e do grande fluxo de pessoas, os restaurantes e bares preferiram fechar as portas e evitar confusões, contabilizando perda de 80% do faturamento nos dias de folia, segundo a Abrasel-SP (Associação Brasileira de Bares e Restaurantes). O presidente da entidade, Percival Maricato, estava cético quanto ao número de 1.619 ambulantes, que foi fornecido à sãopaulo pela própria prefeitura: "Se for isso mesmo, eles erraram a mão. Espero que, assim como se corrigiram e restringiram o número de foliões para 15 mil, façam o mesmo com os ambulantes".

Segundo Maricato, a associação está em contato com um deputado federal para que seja proposta uma lei proibindo a venda de bebidas alcoólicas nas ruas, como ocorre em outros países. "Não há nenhuma garantia sanitária nem exigência de nota fiscal para fazer com que haja pagamento de tributos. É uma concorrência injusta".

Maricato, que foi dono de restaurantes na Vila Madalena, como o extinto Danton, diz que já viu a ascensão e queda de muitos lugares badalados, como a rua 13 de Maio, no Bixiga (centro), e a avenida Henrique Schaumann, em Pinheiros (zona oeste), e diz que o mesmo pode acontecer com a Vila Madalena.

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