'Lavoura Arcaica' e outros livros inspiram músicas da Onagra Claudique

As referências da banda Onagra Claudique, que se apresenta na Casa do Mancha no sábado (14), vêm mais da literatura do que de ídolos da música.

"Lavoura Arcaica", de Raduan Nassar, por exemplo, inspirou Roger Valença —que criou o grupo com o amigo de infância Diego Scalada— a escrever "Urtica Ardens", que abre o álbum de estreia "Lira Auriverde" (2014). Hoje, se somam à dupla Tiago Bertolin (baixo), Renato Spinosa (teclado) e Ladislau Kardos (bateria).

"Em um trecho do livro, o protagonista está lembrando da mãe, que é muito afetuosa. Está na cama recebendo carinho dela. Aquela imagem dos sussurros, dos lençóis, despertou a ideia. Só que aí falei sobre o fim de um relacionamento", diz Valença com um riso contido.

Mariana Poppovic
Onagra Folha foto-Mariana-Poppovic
Roger Valença (esq.) e Diego Scalada, da banda Onagra Claudique, que toca na Casa do Mancha

Até a inusitada alcunha tem inspiração literária. Foi pensada a partir de uma frase de Rui Barbosa: "pouco se me dá que a onagra claudique, o que me apraz é acicatá-la". "Significa pouco me importa que a mula manque, eu quero chicoteá-la". E eles querem chicotear quem? "A gente é a mula chicoteada (risos). A gente tirou de contexto, mas aproveita o personagem da mula manca que continua apesar das dificuldades. Não tem um viés 'coitadista', é só algo que soa estranho", explica Valença.

Aliás, livros com títulos incomuns e palavras exóticas também chamam atenção dos compositores do que usam o termo "pós-MPB" se precisarem classificar o próprio som, antes mais próximo do folk. Os sintetizadores dão o ar moderninho para as músicas longas com letras que beiram o nonsense ("Estélio Prates, o Literato") e que penetram o subconsciente até esvaziá-lo e levar para um lugar de onde só se pode ouvir algumas palavras.

O que é curioso, já que para Valença "independente do foco temático da banda, o enfoque está no modo em como a gente escreve as letras", que são protagonistas na sua opinião.

Casa do Mancha. R. Filipe de Alcaçova, s/nº, Pinheiros, tel. 3796-7981. 100 pessoas. Sáb. (14): 21h. 60 min. 18 anos. Ingr.: R$ 20.

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