Após expulsar casal gay, paleteria na rua Augusta organiza 'Dia do Amor'

No domingo (8), o jornalista Raul Perez, 24, e seu namorado, o estudante de design Gabriel Miranda, 22, foram expulsos de uma paleteria nos Jardins por terem se beijado. Incomodado com a troca de carinho entre os namorados, um casal heterossexual que tomava sorvete com uma criança reclamou ao segurança da Me Gusta Picolés Artesanais.

"Percebi que o pai da menina olhou feio para a gente. Então, depois que eles saíram, o segurança da paleteria disse que deveríamos 'segurar a onda' porque aquele era um ambiente familiar, e que seria melhor nos retirarmos", relata Perez. "Fiquei me sentindo impotente e fui embora".

Após o ocorrido, o casal enviou um e-mail para a paleteria e entrou em contato com o Centro de Combate à Homofobia (CCH), vinculado à prefeitura de São Paulo —que orientou os dois a oficializarem a denúncia. "Não espero que demitam o funcionário ou que prendam o pai da menina. Mas ocorreu um crime e isso precisa ser contabilizado", explica o jornalista.

Por meio de seu perfil no Facebook, a paleteria publicou uma retratação fazendo um "pedido oficial de desculpas a todos aqueles que acreditam que o amor é que nem sorvete: de todos os tipos, todos os gostos e de todas as cores". O responsável pela comunicação da loja, Luís Henrique Deutsch —que também é homossexual— contou que está organizando um "Dia do Amor" na Me Gusta no sábado (14). A ideia, segundo ele, é convidar famílias e casais, independentemente da orientação sexual, para irem ao local e "manisfestarem seu amor".

O segurança —que fazia bicos aos fins de semana no local— não prestará mais serviços para a paleteria. "Queremos pessoas que sigam a nossa filosofia e que topem ser conscientizadas. Eu sou homossexual, nossa sorveteria fica na rua Augusta. Não faz sentido a discriminação", afirma Deutsch.

"Acho tanto absurdo o pai ter se sentido ofendido quanto o segurança ter expulsado a gente do lugar. Mas eles estão reproduzindo a lógica da sociedade, com a qual sofremos todos os dias. Se a gente não começa a aparecer, isso nunca vai mudar", relata Perez.

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