Parte da população quer 'vingança olho por olho', diz deputado Camilo

Quando iniciou os seus dias de trabalho na Câmara, Álvaro Batista Camilo ouviu um vereador lançar uma brincadeira a seu respeito: "Cuidado, ele prende o próprio filho".

Camilo comandou a PM paulista de 2009 a 2012. E, no período, soube em certa madrugada que o filho mais velho agredira uma garota de programa em Santana, na zona norte. "Falei que podia levá-lo para o distrito", relembra o coronel da reserva.

A brincadeira, em tom de alerta, não o atrapalhou. "Eu me dou bem com todos os vereadores", diz o coronel de 53 anos, que sempre mantém a fala baixa, calma, sem soltar nenhum palavrão.

Camilo foi atraído para a política por Gilberto Kassab (PSD), com quem tinha bom relacionamento nos tempos em que ele foi prefeito (2006-2012).

A breve trajetória política do coronel parece com a de Telhada. Primeiro vereador, e, agora, deputado estadual.

As semelhanças param por aí. Camilo não quis ir para a Rota. "Quando entrei na Academia, eu queria, mas fui mudando de opinião." Acabou atuando em outras unidades.

Em mais de três décadas na polícia, o coronel diz ter atirado contra bandidos em ocorrências, mas que nenhum morreu. "Não defendo o enfrentamento, é a maior bobagem em termos de segurança pública. Muitos querem vingança olho por olho contra o marginal. Mas a pessoa não quer na rua dela, pois se sente insegura."

Sem polêmicas na Casa, Camilo costuma repetir a necessidade de ordem na sociedade. "Fala-se muito em direito, mas pouco em deveres. O MPL [Movimento Passe Livre] quebrou tantas vezes a cidade, tem de ser cobrado." Os integrantes do MPL sempre negaram relação com os atos de destruição.

Para o ex-vereador, a inclusão da disciplina de ética e cidadania nas escolas municipais poderia, a longo prazo, combater a desordem na cidade. O projeto está em análise na Casa.

Camilo também propôs o batismo da praça Coronel Ubiratan Guimarães, na Luz, e da rua Coronel Nakaharada, na Lapa —este com mais dois vereadores. Os coronéis tiveram os nomes ligados ao massacre do Carandiru.

"Tem de homenageá-los, essas pessoas viveram um momento diferente", diz ele. "É para contrapor essa bobagem que estão fazendo de querer tirar o nome de [militares] das nossas ruas e viadutos."

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