Moradores dos Jardins criticam pouco tempo para discutir zoneamento

"Não dá tempo para ler tudo, não conseguimos ver todas as pegadinhas", diz a arquiteta Regina Monteiro, moradora do Brooklin Novo e mentora da Lei Cidade Limpa.

Ela se refere à nova minuta da lei de zoneamento de São Paulo, que foi divulgada no dia 31 de março e será enviada à Câmara Municipal em maio.

Com nome oficial de Lei de Parcelamento, Uso e Ocupação do Solo, ela define as atividades comerciais, industriais e residenciais que podem ser instaladas em cada parte da cidade.

Moradores e associações de bairro que serão afetados pelo projeto preocupam-se com o curto prazo para identificar modificações na nova minuta e fazer críticas. A primeira versão saiu em 31 de dezembro e foi debatida durante audiências em janeiro com todas as subprefeituras.

Organizados em torno de entidades dos Jardins e de Pinheiros, mais ativas nos debates, eles afirmam que a prefeitura não deu a devida atenção à participação popular durante a discussão do zoneamento.

Agora, a um mês do envio para o legislativo municipal, promovem reuniões e fazem abaixo-assinados para tentar ampliar o prazo das conversas com o poder público em mais 90 dias.

"Pede-se mais discussão. Não podemos alterar em meses um direito enraizado há décadas", diz Fernando da Costa, presidente da Ame Jardins —que representa os jardins América, Europa, Paulista e Paulistano.

QUEIXAS

A principal queixa na região é a inclusão de atividades comerciais e de serviço em áreas exclusivamente residenciais, como na rua Sampaio Vidal, onde moradores colocaram faixas para protestar contra a mudança.

Outro motivo é a exclusão de trecho de 40 metros destinado a atividades menos impactantes entre corredores comerciais e bairros residenciais. A mudança ocorreu na rua Estados Unidos (zona oeste) na última minuta.

O administrador Marcelo Kneese, 49, mora perto da rua e diz não entender de onde veio a alteração. "Ela é colocada na surdina. É um problema dar permissão para torres de muitos andares aqui. O trânsito já é travado."

A prefeitura informou que a revisão da lei teve oficinas, audiências públicas e sugestões on-line, e que neste mês serão feitos diálogos com cada subprefeitura em duas audiências. Ela também disse que na Câmara haverá discussões antes da votação.

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