Na sexta (24), "Abnegação 2 -O Começo do Fim" chega a São Paulo após estrear no Festival de Teatro de Curitiba. O espetáculo é a segunda parte da trilogia do grupo Tablado de Arruar, que teve início no ano passado com "Abnegação".
Escrita por Alexandre Dal Farra, a montagem é livremente inspirada no caso de Celso Daniel, ex-prefeito petista de Santo André assassinado em 2002. O espetáculo mostra as transformações sofridas por um contraditório partido político de esquerda que, em um momento de ampliação política em âmbito nacional, acaba sendo conivente com dinâmicas criminosas.
Jorge (Vitor Vieira) nega-se a continuar com uma lógica corrupta que ele próprio ajudou a instalar. A recusa torna-se um empecilho não apenas para sua ascensão profissional, mas também para sua vida.
À história central são intercaladas cenas de violência cotidiana, que aparecem como camadas da peça.
| Annelize Tozetto/Divulgação | ||
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| Os atores Ligia Oliveira, Vinicius Meloni, Alexandra Tavares e Vitor Vieira |
Apesar de seguir com a pesquisa de linguagem iniciada em "Abnegação", o novo espetáculo é ainda mais radical. Não há silêncios, frases cifradas e sutilezas. "A verdade vem esfregada por meio do texto", conta Clayton Mariano, que divide a direção com Dal Farra.
As barbaridades faladas pelos personagens não estão presentes em suas ações, que são narradas por uma voz em off. As imagens agressivas, que tocam em questões sexuais, por exemplo, são concretizadas pelas falas.
Porém, ao lidar com esta realidade bruta e sem tratamento, eles acabam experienciando elementos performáticos. "É uma forma de explosão. Ficamos olhando cruamente para a realidade sem acreditar que há um caminho claro para as coisas que são boas. A ideia é que a peça afete mais do que a realidade em si, já que nos tornamos imunes a ela", diz Alexandre Dal Farra.
Oficina Cultural Oswald de Andrade. R. Três Rios, 363, Bom Retiro, região central, tel. 3221-5558. 60 lugares. Qui. a sáb.: 20h. Até 13/6. Retirar ingr. 30 mín. antes.