A doce música de Ramón Cordero somada ao olhar penetrante e o corpo frágil da veterana Geraldine Chaplin, 70, guiam o drama "Dólares de Areia", quarto filme assinado pela dupla Israel Cárdenas e Laura Amelia Guzmán.
No longa-metragem que estreou na quinta-feira (23), a atriz —filha do célebre intérprete de Carlitos— é uma senhora francesa que vive há três anos em um hotel da República Dominicana.
É apenas perto do meio da produção, livremente baseada no romance homônimo de Jean-Noël Pancrazi, que conhecemos o seu nome, Anne.
Solitária, ela tem um romance com Noeli (Yanet Mojica), uma pobre jovem local que está acostumada a sair com turistas europeus em troca de dinheiro e objetos. Por meio da prostituição, a garota sustenta o namorado (Ricardo Ariel Toribio), confortável com a situação, mas não menos enciumado.
Anne, no entanto, não quer apenas sexo. Pouco a pouco, ela se apaixona por Noeli e passa a depender (sentimentalmente) dela, fato que alimenta a relação simbiótica entre as duas.
Com uma bela fotografia e focado mais em gestos do que em diálogos, o título aborda, levemente, problemas antigos, como o turismo sexual, a pobreza e o colonialismo. Mas "Dólares de Areia" revela, acima de tudo, a solidão e o vazio de três personagens comuns.