Clássico zumbi de George Romero reflete caos da América dos anos 1960

Hoje os zumbis estão por todos os lugares: em séries de televisão, como "Walking Dead", em filmes, tal qual "Guerra Mundial Z", e até nas ruas de dezenas de cidades brasileiras nas animadas Zombie Walks, aqueles desfiles em que pessoas se fantasiam de mortos-vivos.

Mas os zumbis como os conhecemos ganharam popularidade mesmo a partir de 1968, quando um norte-americano chamado George Romero, então com 28 anos de idade, juntou um monte de amigos, pegou um orçamento ridículo de pouco mais de 100 mil dólares e fez o longa "A Noite dos Mortos-Vivos".

O título era um terror B sobre uma área rural da Pensilvânia atacada por um monte de zumbis. Virou cult no mundo todo, rendeu dezenas de vezes o orçamento e inspirou obras semelhantes na Itália, na Espanha e no México. E os zumbis, que haviam experimentado alguns poucos anos de sucesso em Hollywood nas décadas de 1930 e 1940 com "White Zombie" ("Zumbi, a Legião dos Mortos", em português), de 1932, estrelado por Bela Lugosi, voltaram com tudo.

A Versátil acaba de lançar uma caixa com quatro filmes chamada "Zumbis no Cinema", que inclui, além do trabalho de Romero, duas produções espanholas —"Não se Deve Profanar o Sono dos Mortos" (1974), de Jorge Grau, e "A Noite do Terror Cego" (1972), dirigida por Amando de Ossorio— e a comédia americana "A Noite dos Arrepios" (1986), de Fred Dekker.

"A Noite dos Mortos-Vivos" é o melhor dos quatro. Feito há quase meio século, continua assustador. A exemplo de muitos filmes de terror e ficção científica norte-americanos dos anos 1950, que faziam alusão, mesmo que velada, à Guerra Fria e ao anticomunismo, Romero usou sua pequena história de zumbis para fazer uma metáfora política e falar dos conflitos sociais, geracionais e raciais que aconteciam em seu país, além de criticar a Guerra do Vietnã.

Vizinhos, transformados em zumbis, atacam vizinhos, familiares se matam e mortos-vivos andam sem destino pelos campos, espalhando o terror. Um cenário de caos que refletia o caos da América na época.

FILMES
ZUMBIS NO CINEMA **
DIREÇÃO: vários diretores
DISTRIBUIDORA: Versátil Home Video (DVD R$ 69,90)

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LIVRO

A NOITE DOS MORTOS-VIVOS *
Russo escreveu o roteiro de "A Noite dos Mortos-Vivos" com George Romero e depois, baseado no filme, fez este romance.
AUTOR: John Russo
EDITORA: DarkSide (R$ 59,00 capa dura e R$ 39,90 brochura)

FILME

MANGUE NEGRO *
Sim, nós temos zumbis. O cineasta capixaba Rodrigo Aragão fez o filme "Mangue Negro", sobre uma pequena comunidade atacada por mortos-vivos. Com um pouco de esforço, dá para achar o DVD à venda.
DIREÇÃO: Rodrigo Aragão
DISTRIBUIDORA: Fábulas Negras

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LIVRO

O CINEMA NO SÉCULO ***
Autor: Paulo Emílio Salles Gomes (Companhia das Letras, 2015, 616 páginas, R$ 54,90)
Paulo Emílio (1916-1977) foi um dos nossos maiores críticos e historiadores de cinema, além de fundador da Cinemateca Brasileira. Este volume, o primeiro de uma reedição completa de sua obra, traz ensaios sobre cineastas como Orson Welles, Federico Fellini e D.W. Griffith.

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DISCO

VULNICURA **
Björk (One Little Indian, 2015; importado R$ 117,90)
"Vulnicura" é o nono e, possivelmente, o mais triste e bonito disco da cantora islandesa Björk. O CD trata do fim do romance dela com o artista plástico e fotógrafo americano Matthew Barney. O álbum traz uma sonoridade etérea e melancólica, que lembra grupos como o Portishead e o Massive Attack.

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FILME

LEVIATÃ ***
Andrey Zvyagintsev (Imovision, 2015, DVD R$ 39,90)
Um dos melhores filmes de 2014 é lançado em DVD: o russo "Leviatã". Na obra, um desempregado sofre nas mãos da burocracia estatal e luta para não perder uma propriedade confiscada pelo governo local. Concorreu ao Oscar 2015, mas perdeu para o lindo "Ida", da Polônia.

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