Antologia reúne músicas dos britânicos do Echo and the Bunnymen

Ian McCulloch não é lá um sujeito muito modesto. Diz, para quem quiser ouvir, que é o maior cantor que o rock produziu desde Jim Morrison. "Ocean Rain", o álbum que a banda de McCulloch, o Echo and the Bunnymen, lançou em 1984, é, segundo ele, "o maior disco de todos os tempos".

As bravatas de McCulloch são divertidas, assim como suas entrevistas. Ele tem um conhecimento enciclopédico da música pop e um senso de humor ácido. Mas, ouvindo "Do it Clean", uma coletânea dupla de 40 canções que acaba de sair no exterior, reunindo as melhores faixas gravadas pelo Echo entre 1979 e 1987, dá até para concordar um pouco com ele. Difícil achar uma banda tão boa.

Taiz Dering/Divulgação
Ian McCulloch, vocalista da banda inglesa Echo and the Bunnymen, durante show em São Paulo, em 2014
Ian McCulloch, vocalista da banda inglesa Echo and the Bunnymen, durante show em 2014

O Echo and the Bunnymen surgiu em Liverpool, Inglaterra, em 1978, formado por McCulloch (vocais), Will Sergeant (guitarra) e Les Pattison (baixo). "Echo" era o nome da bateria eletrônica que usaram até a chegada, em 1980, do excelente Pete de Freitas —que morreu em 1989 em um acidente de moto.

O grupo nasceu em meio à efervescência punk, mas suas ambições eram maiores do que fazer canções de protesto de dois acordes. McCulloch cultuava as narrativas marginais de Lou Reed e o pop orquestral de Phil Spector; Sergeant venerava o som áspero e anguloso de Andy Gill, guitarrista do Gang of Four.

Entre 1980 e 1987, eles lançaram cinco discos extraordinários de pós-punk: "Crocodiles" (1980), "Heaven Up Here" (1981), "Porcupine (1983), "Ocean Rain" (1984) e "Echo and the Bunnymen" (1987). Em 1987, fizeram uma turnê no Brasil, considerada, tanto pelos fãs brasileiros quanto pela banda, uma das suas melhores. O grupo também gravou um clipe no Rio e em São Paulo, "The Game", e até hoje chama o Brasil de "nosso lar espiritual".

DISCO

DO IT CLEAN: AN ANTHOLOGY ***
ARTISTA: Echo and the Bunnymen
DISTRIBUIDORA: Salvo Music (CD duplo, R$ 51,62, importado)

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LIVRO

JOY DIVISION - UNKNOWN PLEASURES **
O Joy Division foi outra grande banda britânica surgida nos escombros do punk. Nesse livro, que acaba de sair no Brasil, a história é contada por um "insider", o baixista Peter Hook, que depois formaria o New Order.
AUTOR: Peter Hook
EDITORA: Seoman (R$ 52)

FILME

THE FALL - IT'S NOT REPETITION, IT'S DISCIPLINE **
Ao longo de 13 anos, três dinamarqueses, fãs do grupo pós-punk britânico The Fall, fizeram esse documentário sobre a banda liderada pelo iconoclasta, ranzinza e genial Mark E. Smith. Não saiu no Brasil, mas se você é fã do Fall, não pode deixar de ver.
DIREÇÃO: Vários autores (importado, R$ 81,97)

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DISCO

DIA 16 **
Odair José (Canal 3, CD, R$ 19,90)
Em seu 35° disco de estúdio, o músico goiano Odair José, comumente ligado aos estilos brega e romântico, mostra que sempre foi muito mais que o "Terror das Empregadas". O disco traz pop, blues, baladas para tocar no rádio e até uma inesperada homenagem à banda roqueira australiana AC/DC na faixa-título, um rockão pesado. Odair é pop até o último fio de cabelo.

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FILMES

DOIS DIAS, UMA NOITE
Jean-Pierre e Luc Dardenne (Importado, 2014, DVD, R$ 106)
Quando o chefe de uma pequena fábrica na França oferece aos empregados a escolha entre despedir uma colega de trabalho ou ganhar um bônus, eles votam pela demissão. Marion Cotillard faz a funcionária, que tem um fim de semana para tentar convencer os colegas a voltarem atrás da decisão. Um drama perturbador sobre relações humanas, racismo e o capitalismo selvagem.

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BEM-VINDO A NOVA YORK
*Finalmente sai em DVD o extraordinário e brutal filme de Ferrara inspirado na história de Dominique Strauss-Kahn, ex-chefão do Fundo Monetário Internacional acusado de assédio sexual. O francês Gérard Depardieu tem uma de suas melhores atuações no cinema, o que não é pouca coisa. E Ferrara mostra que ainda é um dos poucos cineastas que incomodam.

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