Minhocão passa por renovações e aguarda desativação completa

Além de jardins na vizinhança e ciclovia sob sua sombra, o Minhocão pode passar a receber menos motoristas. Vereadores aprovaram em primeira votação, na terça-feira (12), um projeto que estabelece o fechamento do elevado aos sábados e por mais 30 minutos em dias da semana.

Hoje, a passagem de carros no elevado é barrada em dois períodos: o dia inteiro, aos domingos e feriados; e das 21h30 às 6h em dias de semana.

Proposta pelo vereador Police Neto (PSD), a ideia restringe-se a mudanças de horário. O texto nada fala sobre a desativação progressiva da via, como consta do Plano Diretor aprovado no ano passado.

A alteração sugerida ainda precisa ultrapassar estágios para se tornar realidade. Deve ser aprovada em segunda votação na Câmara e, por último, ser sancionada pelo prefeito Fernando Haddad (PT).

O secretário municipal de Transportes, Jilmar Tatto, disse à sãopaulo que a prefeitura ainda "não tem uma posição definida" em relação ao projeto. "O que temos são pareceres e estudos de impactos no trânsito. Eles indicam que, se fecharmos após as 14h30 de sábado, não haverá impacto no trânsito. A questão é a manhã de sábado." Se avançar, a medida poderá se unir a outras em andamento que buscam transformar a paisagem do quarentão Costa e Silva.

No começo deste mês, a prefeitura iniciou um chamamento público para que prédios vizinhos ao elevado recebam jardins verticais em suas paredes. A gestão Haddad, por enquanto, não informa quantos edifícios se candidataram. Segundo o Movimento 90º, envolvido no processo, há pelo menos dez interessados.

Sob a via, uma ciclovia está sendo instalada —trechos já são utilizados por ciclistas, apesar de a pista não ter sido inaugurada oficialmente. A CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) diz que concluirá as obras em julho.

DISCÓRDIA

O diretor da faculdade de Arquitetura e Urbanismo do Mackenzie, Valter Caldana, considera as iniciativas paliativas. "Fechar o elevado aos sábados é ótimo, mas é um equívoco fazê-lo aos poucos." A solução, para ele, é radical: deitar a obra abaixo.

"É como se um paciente com uma doença grave pudesse se tratar de duas maneiras: a primeira, uma intervenção radical e dolorosa; a segunda, com paliativos para ver até onde o corpo aguenta", exemplifica. "Você não resolverá o problema do Minhocão construindo bancos de praça e ciclovias."

(Colaborou Rafael Balago)

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