Tratar Brutus apenas como vilão e Marco Antônio somente como herói é algo que não existe na peça "Caesar - Como Construir um Império", que estreia na sexta-feira (17) no Sesc Santo André.
Nesta primeira adaptação de um texto de Shakespeare feita por Roberto Alvim, os personagens da obra "Júlio César", que aqui ganhou outro nome, transitam entre discursos extremistas.
"O que procuro fazer é mostrar que a sombra habita cada um de nós e que ações de diferentes naturezas podem pertencer a todos os homens, dependendo do momento político em que nos encontramos", diz o diretor.
Para ele, a conexão entre a obra e nosso atual momento social é incontornável. "Roma é aqui e agora."
Em cena, Caco Ciocler e Carmo Dalla Vecchia interpretam todos os papéis da história, que fala sobre a conspiração contra o governante romano César, morto por um grupo liderado por Brutus.
Ele justifica o assassinato dizendo que o líder tinha tudo para se tornar um tirano e que sua morte seria a única saída, mas Marco Antônio convence o povo de que César nunca faria algo assim.
A partir de uma série de embates, a tragédia épica instiga uma reflexão profunda sobre o poder das palavras no jogo político e como elas podem ser usadas para mudar o rumo da história.
"Raras vezes encontrei um material tão polifônico, multifacetado e repleto de vetores contraditórios quanto em Shakespeare", revela Alvim.
| Carmo Dalla Vecchia/Divulgação | ||
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| Caco Ciocler e Carmo Dalla Vecchia estão em "Caesar - Como Construir um Império" |
CURIOSIDADES SOBRE A PEÇA
- É o primeiro texto de Shakespeare montado pelo diretor Roberto Alvim
- Caco Ciocler e Carmo Dalla Vecchia interpretam todos os personagens
- Uma espécie de ópera é tocada ao piano pelo filósofo Vladimir Safatle
- O chão é todo coberto por moedas (são 10 mil réplicas de real)
- Ossadas humanas penduradas no teto fazem parte da cenografia