A volta dos vovôs do techno

Houve um tempo, no fim dos longínquos anos 1990, em que a música eletrônica dominou o mundo. Fatboy Slim, The Prodigy, Daft Punk, The Crystal Method, Groove Armada, The Chemical Brothers e outros saíram das pistas dos clubes para os grandes festivais pop e venderam muitos discos. Esses nomes se tornaram "superstar DJs", como diziam os Chemical Brothers na faixa "Hey Boy Hey Girl" (1999), um dos grandes sucessos daquele período.

A ascensão das bandas eletrônicas veio na esteira da crise de outros gêneros: Kurt Cobain, do Nirvana, havia se matado em 1994, sepultando o grunge. O britpop estava em decadência, sem conseguir replicar a popularidade da famosa briga entre Oasis e Blur, em 1995. O mundo estava pronto para uma música dançante e "sem face", com astros que se escondiam atrás de imensos equipamentos (ou, no caso do Daft Punk, atrás de máscaras de robôs).

Divulgação
Ed Simons e Tom Rowlands, integrantes do duo de música eletrônica Chemical Brothers
Ed Simons e Tom Rowlands, integrantes do duo de música eletrônica Chemical Brothers

Foi quando dois colegas de escola, Tom Rowlands e Ed Simons, fizeram sucesso com uma mistura empolgante de techno, acid house e breakbeats, este um gênero mais "quebrado" da música eletrônica, marcado por batidas de hip-hop.

Rowlands e Simons já eram conhecidos no underground da cena eletrônica inglesa como DJs e produtores —sob a alcunha de "The Dust Brothers". Mas foi com o primeiro disco do Chemical Brothers, "Exit Planet Dust" (1995), que se tornaram conhecidos por uma audiência mais ampla. No ano seguinte, o duo abria o concerto do Oasis no imenso festival de Knebworth, diante de mais de 120 mil pessoas, o que mostrava a sintonia entre os públicos do britpop e da música eletrônica na Inglaterra.

Um salto de 20 anos no tempo e alguns desses artistas estão de volta com tudo: o Prodigy acaba de lançar um novo trabalho, o Daft Punk teve o maior sucesso da carreira com "Get Lucky" e o Chemical Brothers retorna com seu oitavo álbum, "Born in the Echoes", o primeiro em cinco anos. E que disco bom: com participações de Beck, Q-Tip, Annie Clark e outros, traz o duo em ótima forma e canções que funcionam tanto na pista quanto em casa.

Conexões

THE DAY IS MY ENEMY
O grupo sempre misturou às batidas eletrônicas nuances de rock pesado, como guitarras distorcidas. Este novo disco continua na mesma linha e vai agradar a fãs de heavy metal.

ARTISTA: The Prodigy
Gravadora: Lab 344 (2015, R$ 29,90)

RANDOM ACCESS MEMORIES
Apenas o quarto disco em carreira de mais de 25 anos, periga ser o melhor do Daft Punk, misturando discoteca, soul, house e techno e trazendo um dos maiores "singles" dos últimos tempos: "Get Lucky".

ARTISTA: Daft Punk
Gravadorea: Sony Music (2013, R$ 28,90)

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LIVRO

NÚMERO ZERO
Baseado em episódios reais da recente história italiana, o romance é a vingança de Eco contra o mau jornalismo, a corrupção do governo e a deterioração moral. A trama cita o lançamento do jornal de um magnata da mídia que pretende usar a publicação para chantagear e destruir inimigos.

Umberto Eco (Record, 2015, 208 págs., R$ 35)

DISCO

MEU APETITE POR DESTRUIÇÃO - SEXO, DROGAS E GUNS N' ROSES
Adler foi o baterista da formação original do Guns N' Roses e gravou o clássico "Appetite for Destruction". Tinha um apetite por drogas, sexo e insanidades que fazia os colegas parecerem escoteiros. Para quem gosta de histórias escabrosas, é prato cheio.

Steven Adler (Ideal, 2015, 304 págs., R$ 44,90)

FILME

SAINT LAURENT
Cinebiografia de Yves Saint-Laurent (1936-2008), um dos mais influentes estilistas da alta costura. A narrativa é um pouco esquemática e, por vezes, fria, mas a história de vida de Saint-Laurent é tão interessante, e a atuação de Gaspard Ulliel no papel-título, tão boa, que o filme funciona.

Bertrand Bonello (Imovision, 2015, R$ 39,90)

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