Casa&Decoração

"Em casa temos de respirar arte até pela arquitetura", diz Ruy Ohtake

Consagrado como um dos maiores arquitetos do Brasil, Ruy Ohtake, 77, está com pressa. Pede que a entrevista, marcada para as 10h, seja adiantada. Quer ir logo para o escritório. O que, no fim, não faz muita diferença, porque Ruy trabalha o tempo inteiro, inclusive quando está em casa. Não apenas na escrivaninha de concreto, mas em vários cantos do amplo duplex de 400 metros quadrados onde vive, no Itaim Bibi (zona oeste).

O apartamento, erguido no cocuruto de um prédio que ele projetou, espelha, em cada detalhe, essa devoção incondicional à arquitetura. As janelas suavemente onduladas se abrindo para a cidade, o concreto aparente, as paredes coloridas, tudo ali remete ao seu estilo arquitetônico único.

"Na nossa casa a gente tem de respirar arte. Tanto pelas obras, quanto pela arquitetura", diz Ruy. Depois enumera alguns dos objetos que o cercam: quadros de Tomie Ohtake, Portinari, Volpi e Baravelli; esculturas de Artur Lescher, Franz Weissmann e Tunga; móveis de Philippe Starck, Arne Jacobsen e Sérgio Bernardes.

Tudo isso dá ao visitante a impressão de ter errado de andar, terminando numa galeria de arte, não no lar de alguém. Uma sensação que se intensifica quando descobrimos que questões de primeira necessidade para boa parte dos mortais, como cozinha e lavanderia, foram simplesmente deixadas de lado no projeto. Nada de fogão, micro-ondas, torradeira ou lavadora de roupas (a geladeira é a única concessão).

Isso, claro, só é possível porque o prédio é um flat. Oferece serviços de hotelaria, num sistema que, segundo o arquiteto, é uma das melhores formas contemporâneas de se viver. "Eu perco zero de tempo com a administração da casa", afirma, despedindo-se e partindo para mais um dia de trabalho.

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