paris sob ataque

Ataques deixaram mortos na capital da França, que entrou em estado de emergência e fechou fronteiras

Longe de casa, franceses em SP contam suas reações aos ataques em Paris

A televisão do chef francês Olivier Anquier, 56, estava ligada, mas ele mal prestava atenção. "De repente, a jornalista começou a comentar que tinha acabado de chegar a notícia de um atentado. Mudei para um canal francês e, quando entendi o que estava acontecendo, gelei."

A série de atentados na sexta-feira 13, em Paris, atingiu os milhares de franceses que vivem na capital paulista —7.200, segundo o consulado. Sentem tristeza, medo e raiva, conforme os relatos de 20 deles à sãopaulo (leia mais abaixo). Procurado, o cônsul da França, Damien Loras, disse não poder responder a perguntas de "título pessoal" —ele já havia se pronunciado no domingo (15), quando uma vigília reuniu franceses e brasileiros na Paulista.

Quem porventura não se deparou com a notícia foi avisado por conhecidos, amigos ou familiares. A partir daí, recorreram ao telefone ou às redes sociais para saber da situação de quem estava do outro lado do Atlântico.

Editoria de Arte/Folhapress

"Minha sobrinha de 23 anos está morando lá", diz Anquier, que se mudou para o Brasil em 1979. "Liguei e ela estava estudando. Conversamos e a proibi de sair de casa. O que passava na televisão era assustador."

A primeira reação do consultor em estratégias empresariais Julien Indert, 33, foi sair à procura dos pais. "Houve um desespero, porque ninguém atendia. Ligava, ligava e ligava para a minha mãe e ela não atendia. Então, ela me mandou uma mensagem. Estava no cinema e não sabia de nada."

O consultor parisiense Charles Piriou, 31, que está em São Paulo desde 2003, trabalhava quando soube dos atentados. E não dormiu mais. "Fiquei a noite inteira assistindo ao noticiário. A sensação foi de choque e pânico. Depois, de terror. De não ter controle de uma situação assustadora. Quando estamos longe, nos sentimos sem poder."

"Senti culpa por não ajudar", diz o professor de francês Stéphane Marcault, 50. "Quando acontece algo grave na sua cidade, na sua cultura, você quer estar perto de quem gosta."

Para a psicóloga e uma das diretoras da Associação Brasileira do Trauma, Francisca Suely Barcelos, 66, mesmo vivenciados à distância, casos como esses podem causar traumas, porque "todos têm um repertório interno do que é dor, perda e luto" e há um vínculo forte com o país de origem.

Ela explica que estar em sua terra natal em momentos trágicos contribui para minimizar o sofrimento. "[Aqui] eles não conseguem ajudar as pessoas a voltar às suas vidas normais."

Outra sensação que causou incômodo aos "franco-paulistanos" foi a de que qualquer um poderia ter sido vítima.

"Eram lugares que eu frequentava muito quando estava lá", diz o empresário François Shultz, 44, há dois anos morando na rua Augusta. "É como se tivessem atacado o jeito de viver dos parisienses: de jantar fora, ir a um concerto E isso me deixou arrasado."

O episódio mais marcante para o empresário Emmanuel Esnaut, 32, que há sete meses vive em São Paulo, foi o do Bataclan. "Precisei ficar sozinho, chorei o que podia. Foi absolutamente terrível", conta.

"As pessoas estavam reunidas para fazer festa. É como se você estivesse na rua e recebesse uma facada nas costas sem poder se defender."

Mas, mesmo temerosos quanto a novos ataques, à intensidade da represália francesa e à escalada da xenofobia, eles reforçam que deve-se diferenciar os muçulmanos (há muitos deles em Paris) dos extremistas.

"Insisto: não podemos confundir a religião muçulmana com esse tipo de pessoa", diz o chef Erick Jacquin, 50.

Os franceses ouvidos insistem em outro ponto: a rotina da cidade não pode mudar. "Nunca terei medo de voltar ao meu país e andar nas ruas, beber cerveja no terraço de um bar, ir ao Bataclan", diz a professora Capucine Bêche, 25, há dois meses em São Paulo. "Não podemos deixar que afetem nosso cotidiano, senão a vida acaba."

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Felipe Gabriel/Projetor/Folhapress
O chef Xavier Leblanc, 52, e seu filho Arthur, 9. "Ele [filho] me perguntou se todas as pessoas com nome de Mohammed eram terroristas", conta sobre os dias após os atentados terroristas em Paris, no dia 13 de novembro de 2015.
"Ele [filho] me perguntou se todas as pessoas com nome de Mohammed eram terroristas"

Arthur, 9, e Xavier Leblanc, 52

Ao ficar sabendo da série de ataques que mataram 129 pessoas em Paris, no último dia 13, Arthur, 9, perguntou ao pai se estávamos prestes a entrar na Terceira Guerra Mundial.

"Ele questionou se todas as pessoas com nome de Mohammed eram terroristas", diz o francês Xavier Leblanc, 52, dono do bistrô La Tartine, no centro. "Tenho quatro filhos que ficaram muito chocados com o atentado."

Para Arthur, "jogaram bombas em Paris por causa de deuses diferentes e das guerras por gasolina". O menino, que estuda no Liceu Pasteur —escola bilíngue que Xavier frequentou há 40 anos— soube dos fatos por seus colegas de classe e pelas irmãs mais velhas.

O pai, de Champagne Ardennes (a leste de Paris), ouviu as notícias no rádio, quando dirigia rumo ao restaurante, e pensou em como seria se os tiros tivessem sido disparados lá dentro.

"Já tinha muitos clientes jantando ao som de músicas francesas sem saber dos acontecimentos. Imaginei a cena no meu bistrô, pessoas em pânico, inocentes curtindo a sexta à noite."

Para acompanhar o desenrolar dos fatos, que se estenderam noite adentro, Xavier foi a uma padaria próxima ao La Tartine, onde a televisão estava ligada. Também ficou de olho nas redes sociais, enquanto atendia os clientes.

De tudo o que aconteceu, ficou a perplexidade diante de tantas mortes e a certeza de que atos terroristas não destruirão os "valores universais" da sociedade francesa. "A violência sempre perderá contra a liberdade."

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Camille C., 33, gerente de marketing

"Tenho três filhos: um de seis anos, um de dois e outro de dois meses. Na hora de contar para o mais velho [sobre os ataques terroristas em Paris no dia 13/11] procurei um pouquinho na internet, para ver dicas de como contar para as crianças. Li que para crianças acima de quatro anos dava pra explicar. Uma amiga me mandou uma revista de criança, com justamente a história e as explicações adequadas para crianças de seis. Depois, olhamos um jornal. Juntos. Sinceramente é complicado de explicar, mas acho que foi bom Ele ficava muito curioso. Acho que não entendeu o fundo da história. O terrorismo, a religião –isso ficou um pouco confuso. Mas ele entendeu que era mais ou menos uma guerra. Sobre parentes nem deu tempo de perguntar. Eu já introduzi o assunto falando que ninguém da nossa família tinha sofrido nada, mas que os franceses, nossos próximos, sim."

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Felipe Gabriel/Projetor/Folhapress
SÃO PAULO, SP, BRASIL, 18-11-2015, Retrato da Cindy Quesnel, 26, que mora há um ano e meio em São Paulo.(Foto Felipe Gabriel/Projetor/Folhapress)
Cindy Quesnel, 26, que mora há um ano e meio em São Paulo

Cindy Quesnel, 26, professora

Na madrugada de sábado (14), a professora da Aliança Francesa em São Paulo Cindy Quesnel, 26, ficou várias horas conversando com a irmã pelo Facebook. Do outro lado do teclado, em Paris, Karine descrevia o barulho das ambulâncias e helicópteros que percorriam os distritos 10 e 11, onde parte dos ataques terroristas ocorreu.

Apesar de atentas à situação, durante longos minutos nenhuma das duas escrevia. "Parecia surreal. Não conseguíamos encontrar palavras para falar sobre o que estava acontecendo."
Preocupada e frustrada com a distância, Cindy também pensava no irmão, que trabalha em um bar próximo aos restaurantes atingidos. "Naquele dia, ele viajou. Fiquei aliviada."

Na noite seguinte, o irmão voltou à rotina normal e presenciou um ambiente pesado ao servir drinques num dos poucos lugares abertos naquela parte da cidade.

"Teve um bando de jovens que, no domingo, estourou fogos de artifício na frente do bar. Todo mundo ficou assustado. Há pessoas que vão ficar com medo no início, mas a vida continua, ela tem que voltar ao normal."

Se estivesse em seu país, a professora diz que teria prestado suas homenagens na rua. Mas, em São Paulo, preferiu não ir ao ato que ocorreu na Paulista. "O ambiente lá ficou triste. Na França teria ido com amigos, família, e beberíamos uma cerveja depois. Iríamos conversar sobre o que aconteceu."

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Erick Jackin, 50, chef

"Dia 13 de novembro, sexta! Um azar?

Uma provocação planejada?

Um coincidência?

Não sei. Não quero saber!

Mas, não acho justo poder matar a sangue frio sem pensar. Quem são essas pessoas?

Eles são humanos?

Eles têm coração?

Têm família?

Têm religião?

Não têm país para defender e não têm valor de vida e não têm respeito pelo futuro.

É só provocação para entrar em guerra com nossa sociedade de liberdade. Não estou falando da França, estou falando de nós, de um mundo de paz."

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Gala Dahlet, 26, filha de franceses e formada em relações internacionais

"Uma amiga minha me mandou uma matéria por WhatsApp. Eram ainda vinte mortos. A partir daí acompanhei em casa. Tentei falar com amigos que moram em Paris. Dos brasileiros que foram atingidos, um amigo é de um amigo, o outro é conhecido. [O 11º distrito] É um bairro bem de jovem, meio progressista, uma Vila Madalena daqui. Morava lá, inclusive. É uma realidade que me é bem próxima. Já fui no Bataclan. Inevitavelmente, essas coisas te tocam mais porque fizeram parte da sua realidade.

Acho que o modo de vida parisiense vai mudar, porque os ataques [franceses] vão intensificar a retaliação. Por trás do discurso de defesa, acredito que existam interesses políticos muito claros. Surgiu um neoconservadorismo que ainda estou tentando entender e que vai chamar ainda mais atenção, pela intensificação da intevernção na Síria. Imagino que o efeito será inverso [e vai] intensificar os ataques ao povo francês. Esse é o objetivo [do terrorismo], atingir os civis."

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Felipe Gabriel/Projetor/Folhapress
SÃO PAULO, SP, BRASIL, 18-11-2015, Retrato da Jean Larcher, é de Paris e mora em São Paulo desde 1951.(Foto Felipe Gabriel/Projetor/Folhapress)
Jean Larcher é de Paris e mora em São Paulo desde 1951

Jean Larcher, 79, empresário

Ao lado da mulher, o empresário Jean Larcher, 79, assistia à programação de um canal francês no prédio em que mora, no Itaim Bibi, zona oeste paulistana, quando viu as primeiras informações sobre a série de atentados. "Estávamos em Paris no 'Charlie Hebdo', em janeiro. Então, quando vimos isso [de novo], ficamos deprimidos. É terrível."

Nascido em Paris, Larcher migrou para São Paulo em 1971. Aqui, na mesma década, deu início a rede hoteleira Accor Brasil. Criou raízes deste lado do Atlântico, mas não perdeu as conexões com a terra natal, onde mantém um apartamento.

"O fim de semana foi muito triste para todo mundo. É uma tristeza imensa. Chegar nesse ponto... A França é um país de direitos humanos fundamentais. O mundo inteiro copiou isso. O que aconteceu é inimaginável, é algo que machuca muito."

No próximo dia 21, Larcher embarcará para Paris, onde passará o Natal, como já havia planejado. "Tem de resistir. Não pode ter medo, a vida tem de continuar."

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Noemie Claret, 33, publicitária

"Estou dizendo tudo muito rápido, né? Acho que estava precisando falar", comentou Noemie Claret, 33, na conversa que teve com a sãopaulo na segunda (16).

Há quatro anos e meio vivendo em São Paulo, na sexta (13), a publicitária, que atualmente mora na Vila Madalena, zona oeste, esperava a babá (também francesa) que cuidaria de sua filha enquanto ela, o marido e conhecidos jantavam fora.

"A gente ficou acompanhando muito pelas redes sociais, mas tentamos não olhar o celular por uma hora, para tentar aproveitar a última noite dos meus amigos no Brasil", conta.

O que foi difícil. "Meu marido chorou no restaurante", lembra. "Ele é filho de imigrantes, tem um nome que no Brasil não tem problema para ninguém, mas na França pode dar. O pai dele mesmo trocou para um nome mais francês. Então, além da tragédia que isso significa, tocou ele pessoalmente", afirma.

No domingo (15), ela e a família foram à vigília que reuniu dezenas de pessoas em frente ao consulado francês, na avenida Paulista (centro).

"Não pensamos duas vezes. Nesse fim de semana nós nos sentimos longe. Queríamos estar em Paris, viver tudo com nosso povo. Foi um momento forte de sentimento nacional."

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Marc Le Dantec, 41, consultor e chef

Na noite de sexta-feira 13, assim que chegou ao restaurante Figo, na zona oeste paulistana, o consultor e chef Marc Le Dantec, 41, ouviu de um cliente o que ocorrera em Paris. "Fiquei bastante chocado. No início, eu não tinha noção da barbaridade."

Informado, ele decidiu tentar entrar em contato com o irmão, que mora na capital francesa. "Mandei mensagem para ele e estava tudo bem." Nascido em Rennes, Dantec viveu em Paris em duas ocasiões na década de 1990. Em 2000, mudou-se para o Brasil.

"Sentar-se na calçada e ler o seu jornal, livre de preocupação, é uma imagem perfeita de Paris. Essa é a imagem que quiseram manchar de sangue. Fico revoltado, mas tenho fé que o francês se unirá. Não vamos deixar de celebrar nos momentos adequados."

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Morgan Nguyen, 29, engenheiro

Foi a irmã de Morgan Nguyen, 29, francês que vive no Brasil há cinco anos, que o avisou do que ocorrera em Paris na noite daquela sexta-feira 13. "Ela viu uma postagem nas redes sociais e me mostrou. Imediatamente liguei a televisão. Foi muito, mas muito chocante. Foi surreal."

Como outros conterrâneos hoje morando em São Paulo, ele tinha conhecidos que moravam nas cercanias dos locais onde os ataques foram executados. Em seguida à notícia, começaram a tentar contatar amigos e parentes. Todos estavam bem.

"[Eu e minha mulher, brasileira] Pensamos em talvez voltar para França pra criar nosso filho lá. Mas com todos esses eventos, dá um pouco de medo. Por outro lado, a gente não pode parar de viver por causa disso. São eventos muito chocantes, mas que não vão impedir a gente de continuar seguindo com a nossa vida. A gente não vai se trancar em casa com medo de sair."

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Felipe Gabriel/Projetor/Folhapress
Stephane Guilbaud, 54, diretor de comunicação da Renault para as Américas. "Quando voltar para a França, vou a Paris tomar um café no terraço, para dizer que a liberdade não vai cair."
"Quando voltar para a França, vou a Paris tomar um café no terraço, para dizer que a liberdade não vai cair", Stephane Guilbaud, 54

Stephane Guilbaud, 54, diretor de comunicação

Nos primeiros momentos após os ataques do dia 13, o parisiense Stephane Guibaud, 54, pensou nos filhos. Morador de São Paulo há apenas três semanas, o diretor de comunicação da Renault para as Américas, deixou na França os filhos mais velhos, de 24 e 29 anos, que gostam de aproveitar a sexta à noite em Paris. A caçula vive com ele e a mulher no Brasil.

"Quando você lembra depois, fala: 'Nossa, fui egoísta'. Mas não tem como, você pensa imediatamente nos seus", diz. Assim que os dois responderam, Stephane passou a se preocupar com os colegas. A Renault tem 120 mil empregados, boa parte deles na França. "Quem poderia estar no Bataclan? Sempre temos evento no Stade de France [explosões ocorreram perto dali]. Só no sábado a gente finalmente viu que não tinha ninguém ferido nos ataques."

Depois, ele temeu pelos impactos na liberdade. De tudo, o que mais lhe chocou foram os atentados nos terraços dos restaurantes, "símbolo da liberdade, um dos pilares da nossa cultura".

Apesar da angústia, crê que uma cidade que passou por outras guerras "e foi construída no sangue", vai resistir. O parisiense já sabe como contribuir. Na próxima ida a Paris, afirma, "mesmo que seja inverno", vai pedir um expresso e bebê-lo na varanda de um café.

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Nicola Són, 35, cantor

Três dias após a série de atentados, o cantor Nicola Són, 35, permanecia "ligado". "Ontem [segunda, 16], abri o aplicativo de um jornal francês 15 vezes, 20 vezes", afirma o parisiense, que deixou a capital francesa em 2013 rumo a São Paulo. "Por estar longe, é uma forma de querer se aproximar um pouco mais. Te deixa frustrado estar tão longe, de não ficar com os seus compatriotas..."

A família de Són vive em Paris. Quando foi informado sobre os ataques, primeiro teve a reação de choque. Ligou para os pais, para saber como estavam. "Como falei com a minha mãe e o meu irmão, fiquei mais calmo".

Em breve, ele pretende embarcar para Paris. Lá, passará o Natal, como havia planejado bem antes. "Como todos os franceses, não estou com medo, estou com raiva. Sentimos ainda mais orgulho de ser francês por causa dessa dor. Houve vários comentários de americanos que explicam que a arte de viver do francês é o que os terroristas detestam, odeiam. A liberdade de andar, de pensar, de rir, as mulheres livres de amar quem quiserem. E tudo isso é um certo símbolo."

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Olivier Anquier, 56

"Meu pai era médico, e atendia pessoas nas periferias. O escritório dele ficava numa cidade que hoje é considerada gueto. Quando eu era moleque, no fim dos anos 1960, duas vezes por semana, ele me levava junto nessas visitas. Fez isso comigo e com meus irmãos."

"Foi algo que eu vivi muito intensamente. Meu pai era muito tolerante e generoso, e, além disso, era uma pessoa que gostava da diversidade. Essas pessoas que ele visitava moravam em lugares espécies de CDHU: apartamentos pequenos com famílias de muitos filhos."

"Como todo lugar, o que se exporta com o emigrante é a religião e a comida. Essas são as duas coisas mais fortes da cultura que se transporta junto com quem emigra. Por serem muito pobres, a maneira de pagar essas pessoas, já que meu pai não cobrava, eles sempre pagavam com comida."

"Nós temos uma relação com comida muito forte, no sentido de buscar as emoções e os prazeres que a comida oferece. Então meu pai trazia isso pra casa e nós comíamos –com muita poesia. Isso me aguçou o paladar e fez que eu conhecesse de muito perto essas culturas, essa generosidade e essa realidade. Que é completamente oposta ao que estão vendendo pra gente hoje."

"Eram muçulmanos, da Argélia, da Tunísia Eram pessoas do bem. Porque a religião muçulmana é do bem. E isso eu tenho certeza, porque tenho essa vivência. A minha sobrinha não tem essa vivência. A minha sobrinha é de hoje. Mas eu sei de tudo isso porque esse é o meu alicerce, que me fez conhecer essas culturas. Que me deu essa aptidão de me colocar na altura das pessoas. E o meu papel como o tio dela é –sabido pela minha experiência e pelo conhecimento vivido, enquanto o de muitas pessoas é resultado de uma formatação político-midiática–, é ajudar. É ajudar a não alimentarem essa história de maneira errada."

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