Há alguns anos, Laura Wrona sonhou com uma colmeia de homens-abelha. Lá, a cantora e compositora trabalhava em grupo com outros seres que, como ela, carregavam asas frágeis e translúcidas. Em uma sessão de improviso musical, havia um som coletivo em uníssono. A imagem se aconchegou em sua mente, mesmo depois de ela abrir os olhos.
A partir daí, investigou tudo o que cruzou o seu caminho sobre o assunto. "Quando descobri que as abelhas estavam ameaçadas, esse interesse ganhou um caráter mais urgente", diz Wrona. Ela mergulhou em livros temáticos, como "A Colmeia: Nossa História com as Abelhas", de Bee Wilson, e "Abelhas: Apicultura a Partir do Respeito pela Vida", de Rudolf Steiner. Também contatou apiários em Cunha (SP) para registrar em fotos as atividades dos insetos.
| José de Holanda | ||
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| A cantora e compositora Laura Wrona, que esta a frente do projeto Cosmocolmeia |
Desde outubro, sua obsessão está prestes a se metamorfosear em arte. No dia 20 daquele mês, a artista lançou o projeto Cosmocolmeia no Catarse, plataforma de financiamento coletivo. O objetivo é arrecadar R$ 20 mil para produzir um disco —que terá participação de Edgard Scandurra— e um fotolivro, que inclui anotações e desenhos e se pretende um registro poético inspirado livremente pelo tema.
Cantora comemora em vídeo a arrecadação de 50% da meta de financiamento e pede mais colaborações aos fãs
A inspiração é mais poética do que científica. Para ela, que chegou a cursar um semestre de biologia quando tinha 18 anos, o que mais interessa é o modo como as abelhas se organizam e atuam. "O nome [do projeto] veio da flor cosmo, que também pode ser um universo na perspectiva do pequeno inseto. E a colmeia 'cósmica' é uma visão que me inspira a resgatar valores de trabalho coletivo. Como artista independente isso tem feito muito sentido na comunidade artística em geral", explica.
Apesar de todas as referências, ela adianta que o disco não será temático, mas uma combinação de músicas próprias que já são apresentadas em shows, como "Pobre Pantera", faixas novas e uma do artista plástico e músico André Sztutman. Ainda assim, ela promete fazer menção ao universo que elegeu como eixo em uma composição, "Solo Sol".
Assista "Ocupado Tem Gente", de Laura Wrona
Wrona encara o financiamento coletivo como uma pré-venda de recompensas que também incluem camisetas, sacolas e postais, entre outros objetos com referência colmeal. A campanha está no ar até o dia 4 de dezembro e, por enquanto, mobilizou 75 pessoas que investiram, juntas, R$ 14.620.
Não há plano B. "Como diz no site, é 'tudo ou nada'", conta. Se a meta não for atingida, o dinheiro retorna aos colaboradores. Já ela, se matricula num curso de apicultura e vai morar no interior.