Mamonas Assassinas ganha musical, e família se emociona ao ver ensaio

Alecsandra Alves dos Santos não chegou a conhecer seu tio Dinho, que morreu em 2 de março de 1996 com toda sua banda, Mamonas Assassinas, em um acidente de avião na Serra da Cantareira.

Hoje com 19 anos, a moça, que nasceu três meses depois da tragédia e ganhou o nome em homenagem ao tio —que se chamava Alecsander Alves Leite—, se emocionou ao ver o ensaio de "O Musical Mamonas", que estreia em 11/3 no Teatro Raul Cortez e celebra a carreira do grupo.

"Eu sempre ouvi todo mundo falar que eles eram super alegres, mas eu só via isso por meio de gravações. Agora eu posso conhecer um pouco do que eles eram de verdade", diz Alecsandra, que está começando um blog de moda e maquiagem. Ela também diz que todo mundo, inclusive de sua geração, sempre diz que é fã e tem alguma história sobre eles pra contar.

Com direção de José Possi Neto, o musical conta detalhes da trajetória meteórica da banda, que vendeu mais de 3 milhões de discos em oito meses de carreira. Os atores escolhidos para interpretar o grupo foram Ruy Brissac (Dinho), Sérgio Reoli (Arthur Ienzura), Samuel Reoli (Elcio Bonazzi), Júlio Rasec (Adriano Tunes) e Yudi Tamashiro (Bento Hinoto).

Célia Alves, a mãe de Dinho, também assistiu ao ensaio no último fim de semana. "Quando eu vi o menino [Ruy] entrando, pareceu que eu estava vendo meu filho cantar ali. Eu não consegui segurar as lágrimas, foi muito emocionante. O musical me levou no tempo, 20 anos atrás, e deu uma saudade muito grande dos nossos meninos", conta Célia, que chorou muito, riu demais e diz ter achado lindo o espetáculo. "Os atores representam muito bem, e gostei muito da maneira como foi apresentado, com essa alegria toda."

Familiares dos outros integrantes também estavam presentes e todos se emocionaram durante a sessão especial, ainda sem figurinos e cenários.

ROTEIRO DA PEÇA

Walter Daguerre, o autor, conta que começou o processo de pesquisa em 2014, quando surgiu o convite dos produtores Túlio Rivadávia, Rose Dalney e Márcio Sam. "Não podia ser um musical biográfico careta, daí pensei como seria se os próprios Mamonas escrevessem o espetáculo. Eles iriam debochar! Brincar com o próprio formato."

A peça começa com o grupo no céu recebendo uma missão do anjo Gabriel: fazer um musical sobre eles próprios. E é isso o que fazem. Os cinco vão mostrando como se conheceram, como foi o início do Utopia (primeiro grupo deles, que tocava rock progressivo) e como viraram o Mamonas Assassinas.

Os fãs vão rever momentos marcantes, como a participação do grupo no programa de Jô Soares e o desabafo de Dinho durante show no Thomeuzão, em Guarulhos, quando eles voltaram para um apresentação apoteótica com o Mamonas após serem esnobados tempos atrás com a banda antiga.

Só "Débil Metal" (em inglês) ficou de fora do repertório, mas todos os outros sucessos estão lá, como "Pelados em Santos" e "Robocop Gay". Também tem canções de bandas que influenciaram os cinco artistas, como Legião Urbana, Engenheiros do Hawaii e Guns N' Roses, além de quatro letras inéditas escritas pelo autor em parceria com o diretor musical Miguel Briamonte.

Divulgação
Grupo "Mamonas Assassinas", que ganha espetáculo de teatro em março
Grupo Mamonas Assassinas, que ganha espetáculo de teatro em março

SEM TRAGÉDIA E VIDA PESSOAL

Daguerre decidiu deixar de fora esses dois pontos. "Desde o início, eu queria evitar falar do acidente, pois percebi que o que eles mais fizeram foi trazer muita alegria para o Brasil", conta o autor, que também optou por não colocar a vida pessoal deles em cena. "Fiquei quebrando a cabeça com isso porque são cinco rapazes... ia ser difícil dar conta disso tudo. Aí resolvi não colocar."

E nada disso fez falta, até porque é da palhaçada que a gente quer se lembrar. "Eu me diverti pra caramba escrevendo. É um humor muito inocente, e, como minha intenção era escrever como se fossem eles, eu ficava rindo sozinho."

Durante a peça, o cenário e os figurinos, que começam em tons de preto e cinza, vão ganhando cor conforme a banda adquire forma. Dois destaques
do elenco —além dos atores que interpretam os Mamonas— são Patrick Amstalden (anjo Gabriel) e Bernardo Berro (Jô Soares), que fazem uma série de personagens e prendem a atenção do público em cada uma das aparições.

Teatro Raul Cortez - Fecomércio - r. Dr. Plínio Barreto, 285, Bela Vista, tel. 3254-1631. 120 min. 12 anos. Até 29/5. Qui. a sáb.: 21h. Dom.: 18h. Ingr.: R$ 120. Ingr. p/ 2626-5286 ou compreingressos.com.

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