Na briga pela prefeitura, PSDB abraça estereótipo coxinha

É a abotoadura de Andrea Matarazzo contra o cashmere de João Doria. O PSDB paulista parece não fazer nenhuma força para fugir do estereótipo de partido arrumadinho, ou, como entrou na moda dizer, coxinha.

Na verdade, o clichê é abraçado com gosto pelos dois (há ainda uma terceira via, Ricardo Tripoli, cuja bandeira é a defesa dos animais). Os tucanos sabem que a maior chance de conquistarem a prefeitura é encarnar de vez o figurino "coxinha". Não apenas no estilo, mas principalmente na política.

O antipetismo dominante no país é o grande trunfo tucano. Toda eleição municipal é um mix de temas locais e nacionais. Geralmente, a situação geral do país funciona como pano de fundo para os assuntos que afetam diretamente o cidadão: transporte, saúde, educação etc. Esses temas não sumirão em outubro, mas devem ao menos dividir o protagonismo com o mau humor generalizado contra o governo Dilma. Os companheiros de legenda da presidente, como o prefeito Fernando Haddad, que busca a reeleição, ganharam um belo telhado de vidro.

A ordem tucana, então, é partir para cima de Dilma e do PT, na esperança de capitalizar o sentimento das ruas, que vira e mexe se expressa em passeatas na avenida Paulista.

Antes, claro, é preciso haver um candidato, e o ringue tucano foi invadido por pesos pesados mais interessados em aumentar seu espaço no partido do que em apresentar uma campanha viável. Doria foi abraçado por Geraldo Alckmin, que mal disfarça a vontade de disputar a Presidência em 2018. Matarazzo conta com o restante dos outros caciques, como Fernando Henrique Cardoso e José Serra —outro eterno presidenciável.

A disputa adquiriu contornos feios na reta final, com acusações de compra de apoio e interpelações judiciais. É difícil prever como o partido sairá unificado em torno do vencedor, e dissidências parecem inevitáveis.

Tripoli, o menos cotado do trio, aguarda discretamente no seu canto por uma chance de ir ao segundo turno na convenção e até tem alguns apoios entre políticos tucanos. Mas por ora seus maiores amigos ainda são os galos de rinha e os beagles.

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