À primeira vista, poucas coisas, bem poucas mesmo, parecem aproximar o Jardim América do Brás. Entre os cerca de 9 km que dividem esses "dois mundos", no entanto, há um padre e duas igrejas.
Quarto de cinco filho de um casal de imigrantes italianos, Michelino Roberto, 50, é o homem que une esses lugares de realidades tão distintas.
No Jardim América, com suas ruas arborizadas e casarões imponentes, ele é o responsável pela igreja mais concorrida entre os noivos da cidade: a Nossa Senhora do Brasil.
Ali, na esquina da avenida Brasil com a rua Colômbia, desde 2007, Michelino divide com outros três padres a celebração de até 30 casamentos todos os meses.
No Brás, antigo bairro fabril e que já foi referência para um sem número de conterrâneos de seus pais, o padre foi responsável por reabrir na década de 90 uma igreja que estava fechada: a São Vito.
A trajetória do religioso poderia tê-lo afastado do Brás. Fez exatamente o contrário. De quebra, aproximou as duas igrejas. Parte do que arrecada a Nossa Senhora ajuda a manter a São Vito e obras assistenciais como uma creche em Pinheiros.
Poucos casais que procuram a Nossa Senhora do Brasil sabem que ela tem uma "igreja-irmã". Assim como nem todos se dão conta que se casar ali não é algo fora da realidade.
Da badaladíssima união entre a jornalista Ticiana Villas Boas e o dono da Friboi, Joesley Batista, ao enlace da atriz Fernada Souza e o cantor Thiaguinho, a lista de celebridades e expoentes da sociedade paulistana que subiram naquele altar é longa.
Na igreja com detalhes em seu interior como a via sacra retratada de forma primorosa em azulejos azuis e brancos, o preço da cerimônia é de R$ 4.000. Se for na capela, R$ 800.
Tão famosa quanto os casamentos realizados ali é a lista de espera para casar. Há casamentos marcados para 2018, 2019.... Michelino, porém, diz que isso é resultado do planejamento dos casais e não da impossibilidade de encontrar uma brecha na agenda da igreja. "Eles decidem o local, aí vão fazer o noivado e marcam para 2018, 2019, para se prepararem. E também há um percentual de desistências."
De planejamento Michelino entende. Que ninguém pense em se casar ali sem fazer um detalhado curso de noivos ou sem ter feito a crisma. Nada de um ou dois sábados. São três meses em datas específicas. O padre defende uma catequese forte e contundente aos noivos. "É uma forma de aproximar os casais da vida na igreja", diz. Das duas. "
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