Psicólogo canino, Sergio Moro aproveita a fama do juiz da Lava Jato

Sergio Moro quer rasgar a Constituição brasileira. É a favor do impeachment da presidente Dilma Rousseff, mas não tem na ponta da língua um nome para substituí-la. "Não há um que preste, nossa política está contaminada", diz em entrevista à sãopaulo. Para Moro, as leis têm de ser mais rígidas, e garantir que corruptos sejam presos. "Mas calma. Você não está na Lava Jato, ele alerta, usando seu novo bordão.

Moro, 53, é adestrador e psicólogo canino, e também homônimo do juiz mais famoso da atualidade, Sergio Moro –hoje, à frente dos julgamentos da operação. "É ELE quem é meu homônimo, vamos começar por aí!", diz Moro sobre o magistrado, mais jovem, de 44 anos.

De acordo com levantamento feito a partir de dados da Receita Federal, há 98 pessoas com o nome de Sergio Moro no país. Moro, o paulistano –o juiz é nascido no Paraná–, já foi o mais famoso detentor do nome. Nos anos 1990, aparecia com frequência em programas vespertinos na televisão, mostrando suas habilidades com os cães. Apresentou-se ao lado de Ana Maria Braga, Claudete Troiano, entre outras.

"Anos atrás, eu costumava buscar meu nome no Google. As primeiras menções eram sempre a mim", conta. Na última página, ele descobriu, à época, um homônimo juiz. "Achei curioso. Hoje, claro, ele já tomou o meu lugar no Google", diverte-se.

Nas redes sociais, ele ainda é rei. O adestrador é o detentor da conta @sergiomoro, no Twitter, e possui também um perfil de mesmo nome no Facebook. Como o magistrado não tem presença (ao menos comprovada) em nenhuma delas, os louros (e os haters) sobram para o paulistano, também proprietário de uma marca de coleiras.

Diariamente, ele é marcado em postagens como "@sergiomoro o juiz que vai fazer história...o Superman brasileiro" ou "@sergiomoro faz sozinho o que todos os ministros vendidos do STF não conseguem fazer". Também já recebeu ameaças, encaradas com tranquilidade –afinal, há outros 97 dele por aí.

No Facebook, sempre deixa claro para aqueles que o adicionam que não é quem procuram. "Eu não sou o magistrado, mas tenho orgulho do que ele está fazendo e já tive o prazer de estar com ele", respondeu a um dos novos amigos virtuais.

Os dois estiveram na mesma sala em agosto do ano passado, em uma palestra dada por Sergio Moro (o juiz) em São Paulo. "Era a véspera do meu aniversário, e decidi me dar esse presente", diz. "Achei fantástico. Ele demonstrou ser uma pessoa muito justa e bem-humorada." Não teve chance, porém, de se apresentar: "Era gente demais para falar com ele".

Crítico ferrenho de Dilma e Lula, o psicólogo canino participou das manifestações contra a presidente. No domingo (13), foi à Paulista vestindo camiseta polo azul e portando um cartaz em que dizia "Somos Sergio Moro". Nas redes sociais, a foto com o pedaço de cartolina era acompanhada da legenda "Eu e Ele".

Diz, no entanto, que não há candidato ideal em caso de impeachment. "A solução seria os militares tomarem conta do país, por pelo menos um ano, e criarem uma nova Constituição. Mais simples, mais prática, e que garanta que os corruptos sejam presos", afirma.

Não votaria nem mesmo no xará? "Não acho que ele tenha o perfil de presidente. Mas seria fantástico se fosse ministro da Justiça." O juiz, por ora, diz não ter ambições políticas.

Fora da internet, a fama (de outro Moro) também já o alcançou. No dia em que foi fotografado pela sãopaulo, recebeu uma ligação de alguém que, sem se identificar e ligando de um número restrito, queria passar informações exclusivas sobre Lula. Desta vez, achou melhor não dizer que não era da Lava Jato.

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