Diretor do suspense 'Mundo Cão' diz buscar 'o esquisito e a surpresa'

Quando terminavam de escrever "Estômago" (2008), o diretor Marcos Jorge, 51, contou a Lusa Silvestre sobre um medo de criança: que o homem da carrocinha pegasse seu cachorro. Daí nasceu a segunda parceria narrativa dos amigos, "Mundo Cão".

A trama se passa em São Paulo, em 2007. Na época, os cães recolhidos pelo Centro de Controle de Zoonoses deveriam ser sacrificados em três dias caso o dono não aparecesse.

Santana, interpretado por Babu Santana, captura um cachorro da raça rottweiler que, perdido, invadiu uma escola. Como ninguém reivindica a posse do animal a tempo, ele é morto.

Depois da injeção letal, no entanto, o dono do bicho, Nenê (Lázaro Ramos), vai buscá-lo. Revoltado com a notícia, ele planeja vingar-se de Santana. Tem meios para isso: ex-policial, comanda esquema de jogos em máquinas de caça-níquel e usa seus cães para ameaçar devedores e inimigos.

O elenco conta ainda com Adriana Esteves, que interpreta a mulher do protagonista Santana.

"Mundo Cão" é marcado por reviravoltas. Na sessão realizada para a imprensa, antes da estreia, a produção pediu aos jornalistas que evitassem spoilers em seus relatos.

"O filme não é que nem 'O Sexto Sentido', cujo fim muda todo o significado, mas certamente é mais prazeroso vê-lo sem saber de nada", diz Marcos Jorge. Em respeito ao pedido e à surpresa do leitor, paramos por aqui.

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Marcos Jorge, 51, fala da concepção e das influências de "Mundo Cão"

sãopaulo - Como você e o Lusa Silvestre tiveram a ideia do roteiro?
Marcos Jorge - Da figura do homem da carrocinha. Quando eu era criança, tinha medo que ele pegasse meu cachorro. E aí me veio a ideia de uma vingança por causa da captura e da morte de um cão. Contei isso para o Lusa quando ainda terminávamos "Estômago", e começamos a trabalhar neste roteiro em 2008.

Como foi a escolha do elenco?
O personagem Santana tem esse nome justamente por causa do Babu Santana, que o interpreta. Ele fez um bandido em "Estômago", mas é um cara de muito boa índole; baseamos o Santana nele.

Eu não tinha nenhum homem em mente quando criei o Nenê, mas separei alguns poucos profissionais que considero grandes atores no Brasil. O Lázaro Ramos era um deles. Ele nunca tinha feito um vilão. Foi interessante essa troca: Babu, que está acostumado a viver bandidos, interpreta um cara bom; enquanto Lázaro é o cara ruim.

Mas nenhum personagem é totalmente bom ou mau na trama.
Essa é uma das características dos meus filmes. Gosto de explorar a psicologia. Na realidade, acho que todo mundo é assim. No filme, as figuras de mocinho e de bandido mudam de posição várias vezes.

Há pessoas comparando "Estômago" a "Mundo Cão". Você vê essa relação?
Vejo semelhança na ousadia em misturar gêneros. "Estômago" é um filme de comida e de cadeia. "Mundo Cão" começa como comédia, mas vira um drama e se revela um suspense. É uma mistura arriscada, porque pessoas mais tradicionais podem não gostar. Mas a peculiaridade do meu cinema é essa: busco o esquisito e a surpresa.

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