Presidente da agência Magnum, Martin Parr destila acidez em suas imagens, que captam aspectos da vida moderna, como o consumo exacerbado. "Ele é um grande fotógrafo da crítica à desenfreada doença do consumo", diz o também fotógrafo Iatã Cannabrava.
Cannabrava é o responsável pela curadoria da exposição "Parrtificial", que reúne no Museu da Imagem e do Som (MIS), desde sábado (18), cerca de 240 imagens clicadas pelo britânico —é sua maior mostra na América do Sul.
"Talvez ele seja um dos mais importantes artistas contemporâneos por vir mostrando ao longo dos anos, de forma coerente, a artificialidade que o mundo do consumo traz", diz ele, que também está à frente da mostra "Arquivo Ex Machina - Identidade e Conflito na América Latina", parte da quarta edição do Fórum Latino-Americano de Fotografia de São Paulo.
A ironia do trabalho de Parr foi levada para a expografia da retrospectiva. Logo na entrada, os visitantes podem tirar um self com um Martin Parr em tamanho real —ao fundo, há autorretratos do próprio. "É uma exposição espetáculo, mas com sentido ideológico e político", comenta o curador.
As obras estão divididas em sete partes, como "Borred Couples" (casais entediados), na qual há uma foto de Parr com a mulher, e "Life is a Beach" (a vida é uma praia), onde, com areia e cenário que remete a uma praia, são expostas as fotos que abordam o comportamento de banhistas em lugares como Europa, América Latina, EUA e México.
Outro ponto importante da mostra são os fotolivros, do próprio Parr e de sua coleção. "Ele é um executivo de primeira, um gestor de si próprio, que edita seus livros, além de ser dono da maior coleção de fotolivros do mundo", diz Cannabrava.
"Parrtificial" integra a programação do Maio Fotografia no MIS —desta vez realizado nos meses de junho e julho. Há cinco anos, com o evento, o MIS destina um espaço em seu calendário para a fotografia.Todos os espaços expositivos serão ocupados com quatro mostras fotográficas, como a de Jorge Bodanzky.