Escola de dança das celebridades chega a SP e quer sofisticar o showbiz local

Na parede, o lema "Unity in diversity" ("Unidade na diversidade"). Pelos corredores, fotos autografadas de ilustres ex-alunos, como os popstars Britney Spears, Justin Timberlake e Prince. Da rua, já se escuta a batida do hip-hop. Poderia ser Hollywood, mas é Moema, São Paulo, bairro da zona sul que sedia a franquia da Millennium Dance Complex, a primeira da América Latina.

A escola de Los Angeles é famosa por formar e selecionar profissionais para trabalhar com artistas pop, além de receber as próprias estrelas para cursos regulares ou em "masterclasses" (cursos intensivos dados por grandes nomes da dança).

Bailarinos de todo o mundo viajam para participar de seleções da Millennium e, quem sabe, conseguir um lugar ao sol. Ou melhor, sob um holofote —de preferência, o mesmo que ilumina Rihanna ou Beyoncé.

"Nada justifica que os bailarinos brasileiros não participem de um teste para trabalhar com o Justin Bieber, por exemplo", afirma o americano Milo Levell, coreógrafo que trabalhou por anos em Hollywood e se tornou sócio da Millennium no Brasil.

Ele e Paula Tomazella, administradora de empresas e ex-bailarina, estão à frente do empreendimento, que ocupa um imóvel de quatro andares desde abril. Após uma seleção feita no primeiro semestre, a dupla trabalha para aprimorar, por meio de workshops com estrangeiros, os 20 bailarinos aprovados para dar aulas. Neste mês, o grupo parte para uma imersão de três semanas na sede da Millennium.

Eles serão responsáveis pela formação da companhia da escola, composta por 25 adultos e 25 crianças —também submetidos a peneiras. A meta é que, no próximo ano, esse grupo possa viajar para os Estados Unidos e tentar seleções.

"Apesar de termos visto muita gente boa nas audições, o nível ainda é insuficiente. Se eu levo essas pessoas para fora hoje, elas são engolidas", avalia Tomazella.

NACIONAL

Os sócios também veem oportunidades para a companhia no Brasil. Questionado sobre o mercado para bailarinos no país, Levell é taxativo: "Não sei se há demanda, mas com certeza vocês precisam!".

"As coreografias na TV são sempre com mulheres de roupas curtas fazendo movimentos sexy", continua o americano. "É hora de mudar isso. Vamos pôr umas roupas decentes nessas garotas e fazer danças de verdade."

Levell, que já trabalhou com Michel Jackson e a atriz Julia Roberts, hoje sonha com os cantores Ivete Sangalo, Carlinhos Brown e Thiaguinho. "MPB? Pagode, ser-ta-ne-jo... É assim que se fala? Amei tudo!", exclama, ainda se habituando ao português. "Testei uns passos de hip-hop com o CD da [cantora] Ana Carolina e, por incrível que pareça, deu certo."

A pedido da reportagem da sãopaulo, Milo avaliou o videoclipe de "Beijinho no ombro", da funkeira Valesca Popozuda. Sério, ele julga: "Eles precisam de uma coreografia de verdade, não só mexer os ombros. Eu colocaria algumas piruetas".

E, na sequência, comenta um traço de personalidade do brasileiro: "Ouço em todo lugar a expressão 'isso é Brasil'", imita, no tom de quem diz que algo não tem jeito. "Mas ninguém faz nada a respeito! Nós queremos ser essa mudança", avisa aos inimigos.

Millennium Dance Complex Brasil. Alameda dos Arapanés, 1440, Moema, zona sul. Tel. 3457-7002.

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