Artista que lançou bonsai à estratosfera marcará inauguração de centro japonês em SP

Adriano Vizoni/Folhapress
Retrato do artista japonês Makoto Azuma durante entrevista à sãopaulo; também florista, ele veio à capital paulista fazer estudos para instalação que deve inaugurar em 2017
Retrato do artista japonês Makoto Azuma durante entrevista à sãopaulo; também florista, ele veio à capital paulista fazer estudos para instalação que deve inaugurar em 2017

Poderia ter sido em uma locadora de filmes. Ou em uma lanchonete. Mas o primeiro emprego de Makoto Azuma assim que se mudou de Fukuoka (Japão), onde nasceu e cresceu, para a capital Tóquio, há quase duas décadas, foi em uma floricultura. "Eu tinha uma banda de rock. Queria ser músico. Mas precisava ganhar dinheiro para me sustentar, e para isso eu precisava trabalhar. Consegui uma vaga em uma loja de flores", conta o japonês, hoje com 40 anos.

Foi ali, afirma ele, que sua relação com flores, bonsais e plantas desabrochou no viés artístico que caracteriza sua obra atual, apresentada internacionalmente. Um exemplo recente são os coloridos arranjos florais imobilizados em grandes cubos de gelo que enfeitaram o desfile feminino do estilista Dries Van Noten realizado em setembro, durante a semana de moda de Paris.

Em outra iniciativa, Makoto lançou um bonsai à estratosfera terrestre utilizando balões meteorológicos. Com o arbusto fixado em uma estrutura metálica, o processo de subida a até 30 mil metros de altura foi registrado por câmeras de foto e vídeo equipadas com GPS para serem localizadas e resgatadas quando (e se) retornassem ao chão. As imagens deram origem à série "Exobiotanica".

"Gosto da ideia de registrar o espírito vivo da natureza e levar flores a lugares em que elas não existem. Como no espaço, no deserto, em uma geleira ou no fundo do mar. Fazendo isso, você cria uma beleza diferente. Um novo belo", explica o florista-artista.

No primeiro semestre de 2017, Makoto deve exibir sua primeira instalação no Brasil, em lugar a ser definido em São Paulo.

Sobre o trabalho, a única coisa que ele revela de antemão é o insumo que será utilizado em sua feitura: o bambu. "É um material que demonstra simplicidade e que existe no Japão e no Brasil. Por isso, faz uma ponte entre essas duas culturas", diz. Ao que emenda assim que a tradutora termina de passar para o português o que ele acaba de falar em japonês: "Vai ser algo grandioso. Pretendo surpreender."

A produção deste trabalho é promovida pela Japan House São Paulo, uma iniciativa do governo do Japão para divulgar a cultura nipônica contemporânea pelo mundo. Para isso, serão montados espaços culturais em Londres, Los Angeles e em SP.

A versão paulistana, cujo investimento deve chegar a até US$ 30 milhões (R$ 102 milhões) nos três primeiros anos previstos de funcionamento, terá como base o edifício no número 52 da av. Paulista. O trabalho de Makoto está programado para ser uma das atrações que marcarão a inauguração do endereço.

"O Makoto é um artista singular. A linguagem dele lida com as práticas japonesas do ikebana e do bonsai de uma forma contemporânea, fazendo um diálogo entre a tradição e a inovação", avalia Marcello Dantas, que foi diretor artístico do Museu da Língua Portuguesa e é o curador e diretor de planejamento da Japan House São Paulo.

Esta, contudo, não é a primeira vinda de Makoto ao Brasil. Em 2013, ele foi à floresta amazônica para a realização de um documentário sobre as plantas da região. Agora, diz ter visitado floriculturas da capital paulista. "Há muitas coisas novas que eu vejo aqui. As flores brasileiras têm muita força", afirma.

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