Oficialmente, o trecho fica no bairro de Pinheiros e se estende por cerca de 400 metros -são apenas três quadras, espremidas entre a ruidosa avenida Rebouças e a alameda Gabriel Monteiro da Silva. Mas não se trata de uma rua qualquer. Há mais de uma década, a Joaquim Antunes figura entre os principais polos gastronômicos da cidade. E ainda exibe fôlego de estreante.
Só este ano, abriram as portas o japonês Niaya, os italianos Salvatore Loi e Casa Ravioli e o contemporâneo Karú.
Tem restaurante de todos os gêneros e para todo tamanho de bolso. No árabe Saj, o michui de filé-mignon, prato mais caro do cardápio, sai por R$ 84. No premiado Maní, o menu-degustação harmonizado com bebidas chega a R$ 730.
Pioneira no pedaço, a restauratrice Maddalena Stasi, sócia da Mercearia do Conde, instalou-se no número 217 há exatos 25 anos, quando a rua não tinha nada do burburinho atual. "Era um trecho tranquilo, onde só havia comércio de bairro, entre eles o nosso, que era uma mercearia de verdade", recorda.
Hoje, o metro quadrado nesse curto pedaço de rua compete em pé de igualdade com bairros cintilantes no cenário gastronômico, como Jardim Paulista e Itaim Bibi.
A presença de nomes estrelados na vizinhança é apontada como um dos fatores que inflacionam o mercado.
Encabeça a lista a chef Helena Rizzo, que mantém três estabelecimentos na rua: a Padoca do Maní, a Casa Manioca, para eventos, e o Maní, oitavo melhor restaurante do continente no ranking dos 50 melhores da América Latina (um desdobramento do 50 Best, ranking com os melhores do mundo).
"O sucesso do Maní puxa os preços para cima", avalia Ângela Mencaroni, proprietária da imobiliária Mistral. "Como há muitos restaurantes importantes por ali, é uma rua muito procurada."
CAVEIRA DE BURRO
A Joaquim Antunes também é famosa pela grande quantidade de casas que encerram rapidamente as atividades, tornando a rotatividade na região bastante alta.
"Não entendo a razão, talvez os investidores fantasiem o movimento e o lucro que terão. Volta e meia, vejo aquela reforma linda, mas o lugar logo fecha", diz Maddalena.
Aconteceu recentemente bem diante da porta de Maddalena. O imóvel do número 234, onde o árabe Folha de Uva se instalou no começo de 2015, já está vago -a imobiliária Mistral pede aluguel mensal de R$ 17 mil.
Na avaliação de Roberto Ravioli, que acaba de inaugurar sua segunda casa no 197 -antes, o Ravioli Cucina Casalinga funcionou de 2008 a 2012-, não há espaço para tanto restaurante estrelado no mesmo lugar.
"A clientela de alto poder aquisitivo faz questão de grifes como a de Salvatore Loi e Helena Rizzo", justifica.
Não por acaso, ele apostou na fórmula que combina pratos tradicionais a preços amigáveis (o spaghetti al pomodoro e polpette sai por R$ 29) e 60 opções de vinhos abaixo de R$ 100.
A seguir, acompanhe o passeio gastronômico completo pelo trecho mais famoso da rua Joaquim Antunes.
NÚMERO 197
Casa Ravioli
Inaugurado no começo de novembro, o novo restaurante de Roberto Ravioli tem foco em pratos italianos da mamma. Tem tortelli com ossobuco, dobradinha com feijão branco e língua ao marsala, com preços que variam entre R$ 29 e R$ 69. O almoço executivo, com entrada, prato principal e sobremesa, custa R$ 47.
tel. (11) 3083-1625
NÚMERO 260
Saj
Faz parte de uma rede especializada em cozinha libanesa, com unidades na Vila Madalena e no Morumbi. Exclusivo da Joaquim Antunes, o almoço executivo custa entre R$ 55 a R$ 63. No jantar, faz sucesso o chish barak, capelete cozido na coalhada com anéis de cebola e especiarias, a R$ 54.
tel. (11) 2574-3665
NÚMERO 224
Niaya
Tem como sócio Juraci Pereira, do Aya. O ambiente impactante combina com o cardápio repleto de itens como lagosta, foie gras e azeite trufado. No almoço, o executivo quente custa a partir de R$ 38; o combinado com 17 peças sai por R$ 65. À noite, vão de R$ 85 a R$ 185.
tel. (11) 3081-2420
| Rodrigo Fortes | ||
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NÚMERO 210
Maní
Helena Rizzo e Daniel Redondo comandam a cozinha premiada, que tem como premissa os ingredientes brasileiros em interpretações contemporâneas. O menu-degustação da dupla custa R$ 470 (sem bebidas) e R$ 730 (harmonizado). À la carte, o atum com purê de abacate, tabule de quinoa e crocante de milho sai por R$ 98. No almoço, o picadinho custa R$ 55.
tel. (11) 3085-4148
NÚMERO 198
Olea Mozzarella Bar
Na matriz da rede, com três unidades na cidade, o forte do cardápio são os pratos frios e quentes à base de mozarela de búfala. No gostoso salão com luz natural, monta-se bufê no almoço a R$ 64 por pessoa - é possível consumir a salada a gosto, com bolas de mozarela pagas à parte. À noite, a casa vira uma concorrida pizzaria - o disco de mozarela, calabresa e erva-doce sai por R$ 69.
tel. (11) 3062-1535
NÚMERO 217
Mercearia do Conde
Da cozinha da chef Flávia Marioto saem pratos criativos com múltiplas influências, de samosas (pastéis indianos) a risoto de abóbora com carne-seca. O almoço executivo custa R$ 59. Sempre há um prato do dia, a R$ 35 durante a semana, ou R$ 48 aos sábados e domingos.
tel. (11) 3081-7204
NÚMERO 138
Padoca do Maní
No salão rústico aberto para a calçada, a clientela enfrenta fila para tomar café da manhã nos fins de semana, com pão na chapa, pingado, ovo mexido e bolo de cenoura, entre outros itens -o brunch, com cinco itens, custa R$ 44 por pessoa.
tel. (11) 2579-2410
| Rodrigo Fortes | ||
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NÚMERO 102
Salvatore Loi
O premiado chef dá contornos próprios à cozinha italiana, especialmente às receitas da Sardenha, sua terra natal. Uma de suas marcas registradas, a fregola sarda com lula, camarão, vieira e presunto cru custa R$ 85. No almoço, o menu executivo sai por R$ 87.
tel. 3062-1160
NÚMERO 48
Karú
Inaugurado em maio, o restaurante de cozinha contemporânea passou pela primeira troca de chefs quatro meses depois: saiu o santista André Ahn, entrou o francês Jean-Christophe Burlaud, ex-On Va Manger. Pratos principais como o steak de fraldinha ao molho bordelaise com purê de cará e miniagrião custam entre R$ 35 e R$ 42. Na hora do almoço, o menu executivo, com entrada, principal e sobremesa, sai por R$ 45.
p(tagline). tel. (11) 2507-5932