SP, 463

Encare o chão em sete pontos de São Paulo para descobrir o que ele revela

Em sete pontos da cidade, desvie o olhar e encare o chão para descobrir o que ele revela. Saiba mais sobre os lugares abaixo.

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CASA DE FRANCISCA

Muita coisa terá mudado quando o Palacete Teresa Toledo Lara, construído em 1910, passar a abrigar a nova Casa de Francisca. Mas eles ainda estarão lá, intactos: os ladrilhos hidráulicos originais do local, que começa a funcionar em meados de fevereiro como casa de shows, com restaurante e bar. Parte deles até tentou se esconder. Estava abaixo de uma camada de concreto de mais de 30 cm, que teve de ser quebrada com britadeira. Sobre o piso, agora exposto de novo, funcionará a bilheteria e um café. "Essa história é um pouco alegórica de como percebemos a cidade, principalmente o centro. São Paulo tem camadas de cidade soterradas, a memória vai se perdendo", diz Rubens Amatto, cofundador da Casa de Francisca. "Por que alguém faz isso? Coloca concreto sobre o original, que é lindo?"

R. Quintino Bocaiúva, 22, Sé, região central

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D.EDGE

Com luzes de LED e efeitos visuais futuristas do chão ao teto, o interior da casa noturna D.Edge foi projetado pelo designer carioca Muti Randolph. "Eu, que vi tudo ser construído, até hoje me surpreendo com a força do impacto", afirma o proprietário e DJ Renato Ratier. Criada em 2000 em Campo Grande (MS), onde já não existe mais, a balada ganhou a filial em São Paulo em 2003. À época, a vida noturna paulistana deixava de se concentrar na Vila Olímpia e se espalhava por novas regiões, como a Barra Funda.

Av. Auro Soares de Moura Andrade, 141, Barra Funda

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RINGUE DE SUMÔ

Um chão de terra no Bom Retiro, cercado por arquibancadas capazes de receber até mil pessoas, é o único ginásio dedicado exclusivamente ao sumô fora do Japão. O espaço foi pensado como uma homenagem ao centenário da imigração japonesa, em 2008, mas só ficou pronto dois anos depois. O local é sede de vários campeonatos do esporte. Os torneios voltam em março, mas a arena segue aberta para aulas, gratuitas. E não é preciso ser obeso: há várias categorias com pesos diferentes.

Av. Pres. Castelo Branco, 5.446, Bom Retiro

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MEMORIAL DA AMÉRICA LATINA

Instalada sob um espesso piso de vidro, a maquete de 25 m² é um convite a "flutuar" pela América Latina. É possível caminhar tranquilamente sobre a peça, criada pelos artistas Haroldo Gepp e José Maia. A obra representa símbolos e costumes dos povos latino-americanos. Olhe para baixo e viaje. E já que o assunto é chão: o próprio Memorial, projetado por Oscar Niemeyer (1907-2012), ocupa o terreno do antigo largo da Banana, considerado o berço do samba paulistano.

Av. Auro Soares de Moura Andrade, 664, Barra Funda

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PARALELEPÍPEDO DA MOOCA

Por pouco, a rua Henrique Dantas não perdeu seus históricos paralelepípedos. Em junho, o publicitário Ewerton Sarmento, 46, fez um abaixo-assinado para barrar os planos de um vereador que prometia recapear essa e outras e vias da região. "A troca tiraria a característica do bairro", diz ele. Na rua, ainda há casas construídas por operários antes da década de 1930. Ao todo, 120 moradores assinaram o pedido. No fim, o paralelepípedo foi mantido. Agora, Sarmento quer pedir que os remendos nas vias sejam feitos com o material original, e não asfalto.

R. Henrique Dantas, Mooca

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BURLE MARX

Um tabuleiro de xadrez em que não há peças. É enorme, com 700 m², e feito com grama, em dois tons de verde. Mas nem peças, nem pessoas passam ali. O tabuleiro integra o projeto, de 1950, do arquiteto-paisagista Roberto Burle Marx (1909-1994), com espelhos d'água e palmeiras imperiais, dentro do parque que recebeu seu nome, na zona sul. Esses jardins, pensados originalmente para uma mansão, foram reformulados por Burle Marx nos anos 1990 e se tornaram parte de um parque em 1995.

Av. D. Helena Pereira de Morais, 200, Vila Andrade

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PATEO DO COLLEGIO

O pedaço de chão que deu origem à cidade foi escolhido por ser alto e servido por dois rios, o Anhangabaú e o Tamanduateí. Ali, jesuítas decidiram criar um colégio para catequizar índios. A missa que marcou a abertura dessa pequena escola, em 1554, foi escolhida, anos depois, para marcar a fundação de São Paulo. Dois séculos depois, os jesuítas foram expulsos do Brasil e o espaço do colégio virou sede do governo local -que funcionou ali até 1930. Por trás da parede branca em frente ao pátio, há uma paróquia e um museu.

Lgo. Pátio do Colégio, Sé

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