Alalaô

Atrações gratuitas já são maioria no Carnaval baiano e fazem a alegria do folião

Desfilando no chão, as Ganhadeiras de Itapuã enchem a avenida com o seu samba de roda. Em cima de um minitrio, o BaianaSystem arrasta uma multidão de foliões com a sua mistura de reggae, dub e rap com ijexá e guitarra baiana.

Fernando Vivas/Folhapress
SALVADOR, BA, 05.02.2016: CARNAVAL 2016 - Saída do bloco afro Olodum no Circuito Batatinha (Pelourinho), no final da tarde desta sexta-feira (05) (Foto: Fernando Vivas/Folhapress) *** PARCEIRO FOLHAPRESS - FOTO COM CUSTO EXTRA E CRÉDITOS OBRIGATÓRIOS ***
O bloco afro Olodum

Moraes Moreira e Daniela Mercury, em trios elétricos tradicionais, relembram porque foram pioneiros do Carnaval da Bahia. E até mesmo a onipresente Anitta promete trazer o seu pop e funk para a avenida.

O que junta todos eles? Desfilarão em 2017 sem as cordas que costumam separar o folião que paga do que não paga no Carnaval de Salvador. Num tempo em que erguem-se muros, Salvador aos poucos livra-se das suas barreiras. Os blocos e trios que desfilam de graça já são maioria. E isso não é pouco para uma festa que já teve a segregação como principal marca.

Acossada pela concorrência do Rio de Janeiro e Recife, Salvador começa a reaprender a fazer uma festa de rua mais democrática e com diversidade. Em 2017, são oito dias de Carnaval e três de pré-Carnaval, em 11 dias de festa. Sim, não é para principiantes.

A abertura acontecerá na quarta-feira, 22 de fevereiro. No Terreiro de Jesus, tradicionais blocos afro e afoxé saem em cortejo até a Praça Municipal, onde uma orquestra com 40 músicos comandará o baile de abertura, relembrando antigos Carnavais.

Na sequência, Bell Marques, em clima de nostalgia, desfila em trio elétrico relembrando antigos sucessos do Chiclete com Banana.

Prefeitura de Salvador/Divulgação
SALVADOR,BA - 5/2/2016 - Bell Marques desfilou nesta quinta-feira no circuito Campo Grande, em Salvador, com as cordas abertas. (FOTO: Divulgacao/Prefeitura de Salvador) ***DIREITOS RESERVADOS. NÃO PUBLICAR SEM AUTORIZAÃÃO DO DETENTOR DOS DIREITOS AUTORAIS E DE IMAGEM*** ORG XMIT: AGEN1602061447571555 ***DIREITOS RESERVADOS. NÃO PUBLICAR SEM AUTORIZAÇÃO DO DETENTOR DOS DIREITOS AUTORAIS E DE IMAGEM***
Bell Marques, em clima de nostalgia

Enquanto isso, no circuito da Barra, bloquinhos como o Habeas Copus e o Gravata Doida desfilam acompanhados por bandas de fanfarra. Os sambistas se reúnem no Cachasamba, os advogados no Alvará de Soltura e os torcedores do Bahia na Barca Tricolor.

A festa, contudo, começa antes da entrega das chaves da cidade ao Rei Momo. Nos dias 17, 18 e 19 de fevereiro, o Fuzuê e o Furdunço levam minitrios e manifestações folclóricas tradicionais para o circuito da Barra.

No primeiro, haverá apresentações do grupo Paroano Sai Milhó, relembrando antigas marchinhas, a percussão do Quabales e a tradição do Zambiapunga, com seus integrantes que desfilam fantasiados de "caretas".

No Furdunço, grupos como Bailinho de Quinta e Vitrola Baiana misturam-se a artistas consagrados como o pagodeiro Léo Santana, que desfila em um minitrio.

Ambos consolidam um novo formato para o Carnaval de Salvador, que vai no sentido contrário à grandiloquência que reinou nos anos 1990 e 2000 -um tempo em que bandas chegavam a disputar quem tinha o maior e mais potente trio elétrico.

Hoje, a concorrência é outra: quanto menor o trio, melhor. O importante é ter o artista mais perto do público.

Os pioneiros foram o MicroTrio, de Ivan Huol, e o Coreto Elétrico, de Alex Costa. Mas até os artistas de axé se renderam à novidade: a banda Alavontê, formada por veteranos do axé como Ricardo Chaves, inventou o trio "pranchão", no qual a banda toca na altura dos ombros do folião.

É quase uma volta ao início de tudo, em 1950, quando Dodô e Osmar desfilaram um velho Ford bigode com alto-falantes acoplados e inventaram o trio elétrico.

AXÉS E AFOXÉS

Entre quinta e a terça de Carnaval, ganham protagonismo os blocos de trio. Bandas de axé, pagode, blocos afros e afoxés tomam conta dos circuitos Barra-Ondina e Campo Grande.

Para os fãs de axé, é a oportunidade de ver artistas como Ivete Sangalo, Claudia Leitte e Durval Lélis, que desfilam em blocos tradicionais como o Coruja, Largadinho e Me Abraça.

Quem não quer pagar o abadá tem como opção Saulo Fernandes, unanimidade da nova geração do axé, que desfila sem cordas.

Não pode faltar espaço para ver desfiles de blocos afros e afoxés. Os tradicionais Ilê Aiyê, Filhos de Gandhi e Olodum são obrigatórios.

Mas também não deixe de conferir os blocos de índio, como os Comanches e os Apaches do Tororó e afros como Muzenza, Cortejo Afro e Malê Debalê, que fazem um espetáculo visual marcado pelo som da percussão.

O Pelourinho pode ser um microcosmo de tudo ao mesmo tempo agora. Numa esquina, você verá um samba, na outra, um grupo infantil. Pelas ladeiras desfilarão pequenos blocos afro e nos palcos haverá shows de artistas em homenagem aos 50 anos da Tropicália.

Para quem não quiser nada disso e preferir só a badalação, não faltam opções de festas privadas em camarotes, com ingressos que chegam a R$ 1.000 do dia e atrações como Marília Mendonça e Luan Santana.

O importante é entrar no espírito e aproveitar cada dia. E se render até aos hits de verão como o "Paredão Metralhadora" de 2016 e "Xenhenhém" de 2015 e "Lepo Lepo" de 2014.
Neste ano, não faltam opções. Pode esquecer se sua aposta for "o Doce" de Ivete Sangalo ou "Taiuiá" de Claudia Leitte.

Adilton Venegeroles/Agência A Tarde
O bloco Filhos de Gandhi
O bloco Filhos de Gandhi

Despontam a banda Psirico, de Márcio Victor, que se rende ao feminismo com "Mulheres no Poder" e o lendário É o Tchan, que traz o "Desafio do Manequim", inspirado na brincadeira que virou febre em redes sociais.

Mas as mais fortes candidatas são sucessos improváveis: "Me Libera, nega", música do MC Beijinho, que despontou em uma viatura policial, e "Magnata faz Oêh", da banda La Fúria.
Esta última tem um segredo infalível: um refrão que se resume a gritinhos a la Silvio Santos. Bem-vindo ao Carnaval de Salvador. Oehhhhhhhhhhhhhhh.

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QUEM LEVA

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