Em terraço de Higienópolis, Petí Panamericana mantém filosofia do bom e barato

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Tainha com moqueca de banana-da-terra do Petí Panamericana
Tainha com moqueca de banana-da-terra do Petí Panamericana

Jovem chef que merece olhar atento, Victor Dimitrow acaba de expandir os horizontes de seu discreto Petí, escondido em uma loja de arte em Perdizes. Nasceu, pois o Petí Panamericana, que habita um terraço no topo da Escola Panamericana.

Ali surge um sistema diferente da matriz, na qual os pratos se renovam em ritmo frenético para dar liberdade ao cozinheiro no uso de ingredientes que conjugam frescor e bom custo-benefício. Há um cardápio fixo com os "highlights" da sede e um caprichado balcão de entradas que serve para suprir a fértil inquietude do chef.

Exemplo: dia desses Dimitrow colheu do próprio quintal uma planta alimentícia não convencional, a uva-japonesa, também chamada de macaquinho, com sabor concentrado e dulcíssimo e de textura que explode inesperadamente na boca. Não se trata de um item comercializado, é consumido pelas crianças na roça. Ele a combinou com banana e castanha-do-Pará e assim nasceu uma salada incomum, agridoce, com leve gosto fermentado.

Também pode haver legumes firmes e deliciosamente tostados, com um leve queimado dissonante do carvão, ou grãos como a lentilha, enriquecida com bacon e coalhada. Para pinçar os itens do balcão à vontade e comer mais um prato, paga-se R$ 39.

Dos principais, três belos acertos: 1) tainha com moqueca de banana-da-terra sobre molho de tomate e espuma de leite de coco feito da fruta, bem aerada, com couve desidratada, fina, crocante e quebradiça; 2) cupim braseado pincelado com caldo espesso e viscoso sobre um purê de batata-roxa de textura lisa, cremosa, aveludada, que realça o tubérculo em estado bruto; 3) cubinhos de frango, úmidos, com pele crocante, sobre arroz caldoso, com pimentão tostado e quiabo em três versões: chips, salteados e picles. Para esse, usa de base a semente (e lembrou-me dos belos feitos de Roberta Sudbrack), que estoura, traz acidez ao prato e mostra o apuro técnico de Dimitrow.

Nada emociona nas sobremesas, porém. A musse de manga é na verdade uma espuma que se desfaz rapidamente, sem muita graça; no cremoso de chocolate, o cumaru anunciado no cardápio, que desperta interesse, passa batido.

O café expresso é imperdoável: um Lavazza desequilibrado e mal-tirado, que deixa amargor, depois de uns bons momentos de alegria. Fiquemos atentos ao brunch servido aos sábados: ainda não provei, mas parece sedutor. A ver.

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Petí Panamericana
Onde Escola Panamericana - av. Angélica 1.900, Higienópolis; tel. 3661-9685.
Quando de seg. a sex., das 12h às 15h; sáb., das 11h às 17h (brunch)
Avaliação bom

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