Grupo socorre moradores de rua de São Paulo com agasalho e sopa

No frio, a vida é ainda mais dura para os moradores de rua. A noite cai, a fome aperta, o vento machuca. A boa notícia, se for terça-feira, é a probabilidade de ouvir uma voz soando de dentro de um carro: "Você quer uma sopa?"

Há quatro anos, um grupo de amigos deu origem ao grupo Caridade da Madrugada. Akássia Pereira, uma das integrantes, conta que um dia, em uma conversa, comentou que achava o frio da noite um flagelo que ninguém merece. "Comprei cem cobertores para distribuir. Amigos quiseram ajudar. Nunca mais paramos", lembra Akássia.

Desde então, uma vez por semana, eles seguem o mesmo roteiro. Das 21h às 22h, esperam por doações no ponto de encontro (o número 300 da rua Henrique Schaumann, Sumaré). Cada um chega com o que arrecadou: roupa, cobertor, sapato, um bolo, uma torta, escova e pasta de dentes... Sem faltar a panela de sopa e o pão fresquinho, que recebem de um restaurante e de uma padaria. Quem quiser ajudar é bem recebido. Às 22h, o grupo se ajeita nos carros disponíveis e sai pela cidade distribuindo as doações.

"Tem dias que a entrega é rápida, quando tem muita gente na rua. Às vezes, por conta do frio ou da chuva, eles ficam mais escondidos e temos que sair procurando", diz Akássia. Ela acrescenta que às vezes os moradores de rua recusam ajuda. "'Já comi hoje. Pode oferecer para outra pessoa que esteja precisando', dizem".

O mesmo acontece com os cobertores. O grupo já não pergunta mais o que levou a pessoa àquela situação. "Cada caso é um caso. Estou fazendo isso há quatro anos e tem gente que está na rua esse tempo todo, vivendo no mesmo lugar."

Akássia conta que a aproximação é sempre feita com respeito. "Já me perguntaram: 'Você vai entregar comida para morador de rua? E se ele for drogado?' Eu não me importo. Estou ali para levar um pouco de conforto a quem está precisando. Essa é a nossa parte. E fazemos isso com satisfação."

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