A notícia da morte, ocorrida nesta segunda-feira (14), do restaurateur argentino Hugo Ibarzábal, radicado no Brasil há quase 40 anos, onde chegou exilado pela ditadura militar de seu país, remete aos princípios daquele que é hoje um dos bairros mais fervilhantes de São Paulo em termos de bares e também de restaurantes, a Vila Madalena, na zona oeste.
Mas não era assim em 1980, quando junto com a mulher, Alejandra Isasmendi, e a conterrânea e colega de exílio Ana Massochi, ele fundou mais um dos precários botecos que então compunham a paisagem do bairro: o Martín Fierro, na época mais conhecido pela alcunha de Bar das Empanadas.
Uma jovem intelligentsia paulistana, especialmente de cineastas, começou a povoar a região, e as empanadas preparadas por Hugo, quitute então desconhecido na cidade, caíram nas graças da rapaziada. E o boteco virou um sucesso.
Mais tarde os sócios argentinos passariam o local adiante, e o Martín Fierro renasceu pouco depois algumas quadras adiante, só que mais pretensioso: passou a servir carnes (esta sim a especialidade de Hugo) –também sucesso imediato.
Em 2001 ele se retirou da sociedade (a casa existe até hoje, tocada por Ana); e foi para a tranquilidade do Embu das Artes, pacata (embora também turística) cidade a 27 quilômetros de São Paulo, onde em 2005 abriu outro negócio, o bar Buenos Aires. Ali passou a desfilar toda a sua memória gourmet: empanadas, carnes, massas, enfim, tudo aquilo que o portenho adora comer.
Em 2013 saiu do bar, mas continuou fazendo e vendendo empanadas. Até que um recente AVC abalou sua saúde, e ele não resistiu.
Hugo Ibarzábal tinha 76 anos, era casado com Alejandra Isasmendi e será cremado nesta terça-feira (15), às 16h no crematório da Vila Alpina, em São Paulo.