Refeição no Terra Madre tem bons momentos, mas peca em pontos básicos

Dá para começar bem uma refeição na Osteria Terra Madre, que ocupa o espaço do extinto Vino, no Itaim Bibi, no mesmo imóvel onde opera uma loja da Grand Cru, importadora de vinhos.

Os clientes são bem recepcionados à porta, vê-se aquele monte de garrafas a instigar os sentidos, e, à mesa, pode-se abrir os trabalhos com uma sopa de frutos do mar caprichada (R$ 39). Sobre um caldo profundo e intenso, deitam-se camarões graúdos em bom ponto, lulas e mexilhões —fêmeas e machos carnudos.

O mesmo esmero não se repete no ponto do polvo e prejudica o conjunto da obra (R$ 88). São tentáculos de consistência borrachuda, combinados a um arroz negro al dente e creme de camarão —este é tão acentuado que sobressai e apaga o delicado espaguete de abobrinha.

Divulgação
Prato da Osteria Terra Madre, em São Paulo
Prato da Osteria Terra Madre, em São Paulo

Esse traço, aliás, de um sabor massacrar o outro e haver certos excessos —de elementos e de informações gustativas—, é repetido em receitas como o risoto de abóbora com codorna e cogumelos (R$ 49). Primeiro, erra no ponto do arroz, pastoso, e no da codorna, rígida. O gosto é bom e pujante, porém. Os cogumelos trazem um toque terroso, e o bacon crocante combina com a carne mais magra da ave.

Também sobra informação no leitão crocante com mil-folhas de batata, espaguete fresco, linguiça e cogumelos (R$ 54). Bastaria o porco, macio, sobre a batata laminada. O espaguete quiçá pudesse ser um prato à parte, com seu molho denso de linguiça e cogumelos.

Um belo acerto é o nhoque de batata com camarões e aspargos (R$ 72). Estes, finamente laminados, dão frescor e crocância ao prato —se fossem mantidas suas pontas inteiriças, poderiam causar ainda mais graça.

A casa não se propõe a um serviço descontraído –ali paira certa pompa e formalidade (e cobra-se 12% de taxa, ainda que optativa). Precisa, portanto, treinar a equipe, com garçons que oferecem queijos de "búfalo" e vinhos a preço de "transportadora".

Por falar nisso, a oferta de vinho em taça é mísera diante do contexto e, neste caso, os preços não atraem. Por 187 ml de um chileno pinot noir do vale do Leyda paga-se R$ 29 (mais R$ 5 de serviço). Quando se pede uma garrafa grande a taxa sobe para R$ 15.

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OSTERIA TERRA MADRE
ONDE: r. Tamandaré de Toledo, 51, Itaim Bibi; tel. 3078-6442
QUANDO: seg. a qua., das 12h às 15h e das 19h às 23h30; qui. e sex., das 12h às 15h e das 19h à 0h; sáb., das 12h às 15h30 e das 19h à 0h; dom., das 12h às 16h30
AVALIAÇÃO: regular

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