'Você vai dormir sem ter filhos e acorda mãe', diz mulher que adotou duas crianças

Ter filhos sempre esteve nos planos da analista de compras Tatiana Barreto, 38. Após quatro anos de casamento, a moradora de Embu das Artes, na Grande São Paulo, engravidou. Mas o aborto espontâneo no sexto mês de gestação interrompeu os planos e deu lugar a uma fase de luto.

Decidiu, então, entrar na fila da adoção. Durante a espera da criança, engravidou novamente e passou por outro aborto. Sua vez de ser mãe parecia longe. Passaram-se quatro anos até o fórum a chamar para conhecer um bebê de seis meses e meio. "Quando o telefone tocou, dei um grito!"

Tatiana teve o primeiro contato com a filha no abrigo. Vitória nasceu de uma usuária de drogas, prematura, com um quilo. O primeiro fim de semana que passaram juntas era o fim de semana do Dia das Mães, em 2013.

Quando a certidão da menina saiu, mais uma surpresa: em vez de encerrar o processo, a analista optou por continuar na fila para adotar outro filho. "É claro que a espera do segundo é diferente", explica. "Vitória já tinha preenchido aquele vazio, diminuído nossa ansiedade".

Mais quatro anos aguardando. Finalmente, em outubro de 2017, Thiago chegou para completar a família. Tinha 40 dias, também era prematuro e havia sido entregue voluntariamente ao hospital pela genitora.

Vitória acompanhou de perto a adoção do irmão e participou das entrevistas. Hoje com cinco anos, sabe que também foi adotada. Já perguntou para a Tatiana se nasceu de sua barriga. Ouviu que não. "Mas eu sou sua mãe e você é minha filha."

Como lidar com a espera de um telefone que não toca? "É uma gravidez em que você não se prepara. Um dia não tem filhos, dorme sem ter, e acorda mãe". Como ela define: "Uma adrenalina doida que só quem passa sente."

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É uma troca mútua: a criança precisa de uma nova família e você precisa dela

Tatiana Barreto, 38

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