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carreira executiva

Formada por profissionais nascidos entre 1980 e 1995, geração Y busca autonomia, valoriza horários maleáveis e se incomoda com lentidão na tomada de decisões

Empresas apostam na informalidade para manter jovem executivo engajado

Bruno Adesso, 29, entrou na Ambev como trainee em 2011. De lá pra cá, já recebeu seis promoções e mudou-se de cidade cinco vezes.

Hoje, é gerente de projetos da marca Do Bem, adquirida em abril deste ano pela multinacional, e vive no Rio.

"Somos famintos por informação, curiosos, não vejo a minha geração esperando cinco anos para mudar de função no trabalho, como ocorria no passado", afirma Adesso, cuja carreira intensa reflete os anseios da geração Y. "Não vejo algo melhor do que me tirar da zona de conforto", acrescenta.

Para manter o engajamento de executivos mais jovens, as empresas tem modificado condutas, dando mais liberdade aos profissionais.

"Eles querem retorno constante da chefia e um ambiente mais informal", diz Priscila Waléria, gerente de recrutamento e seleção da Ambev, onde a idade média dos gerentes é de 34 anos.

Em busca de comprometimento, a empresa também aposta na meritocracia, outra bandeira dos profissionais da geração. Em geral, os cargos de liderança são ocupados por internos. "O funcionário precisa saber que tem espaço para crescer. Se trago pessoas de fora, não reforço esse ponto", explica Waléria.

A busca por motivação é outra característica que chama a atenção dos empresários. "É uma mudança de jogo profunda. O profissional da geração Y fica na empresa enquanto faz sentido para ele, então o CEO precisa mudar o modelo para conseguir que ele deixe seu legado", diz Cláudio Emanuel de Menezes, 65, fundador e presidente da Disoft há 32 anos.

Com 70% do quadro formado por profissionais da geração Y, a empresa de tecnologia aboliu departamentos e cargos e tem negociado o salário de cada profissional individualmente.

Essa dinâmica casa com o espírito empreendedor dos profissionais dessa geração. "Os jovens gerentes dirigem os negócios com entusiasmo e têm senso de dono", observa Andrea Clemente, diretora sênior da Whirlpool Latin America, em que mais da metade dos colaboradores nasceu depois de 1980.

De olho nisso, a empresa permite carreiras em que o funcionário possa migrar para outras áreas de acordo com competências e potenciais e estimula feedbacks informais da chefia. A conversa sobre valores e objetivos é direta desde o processo seletivo.

Essa transparência nas relações também é valorizada na PepsiCo., onde cada profissional deve discutir a carreira com o gestor e o plano de crescimento é baseado na entrega de resultados. "Isso independe de o profissional estar sentado na cadeira o tempo todo", diz Lilian Green, líder da área de Team Management da empresa.

A multinacional de alimentos, que tem 35% dos seus funcionários como parte da geração Y, tem jornada de trabalho flexível e um dia de home-office para os líderes.

"Esse jovem quer mais equilíbrio entre vida pessoal e trabalho, valoriza a autonomia e o cuidado com o ambiente, deixando de usar o carro para ir ao trabalho por um dia", afirma Green.

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Karime Xavier/Folhapress
Bruno Adesso, 29, gerente de projetos da marca de sucos Do Bem, que pertence à Ambev
Bruno Adesso, 29, gerente de projetos da marca de sucos Do Bem, que pertence à Ambev

NO TRABALHO, NÃO VIVO SEM... pessoas. Gosto de conversar e trocar ideias antes de chegar a uma conclusão

QUANDO A TECNOLOGIA AJUDA? Ajuda em tudo, especialmente nos dados que dão suporte ao setor de vendas, que é a minha área. Neste caso, a tecnologia contribui da negociação à execução de um projeto

QUANDO A TECNOLOGIA ATRAPALHA? Quando vira distração. A geração Y faz tudo muito rápido, mas tem de trabalhar mais o foco ao executar um trabalho mais complexo

UM EXECUTIVO QUE ADMIRO: Abílio Diniz, presidente do Conselho da BRF, por sua disciplina na vida profissional e na pessoal, com a prática constante de esportes

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