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Profissional deve se preocupar menos com emprego e mais com habilidades

Mais do que viver uma crise temporária, o mercado de trabalho no Brasil sofre mudanças estruturais, trazidas pelos avanços tecnológicos e interesse cada vez maior na construção de uma carreira longe do molde tradicional.

A boa notícia é que isso não significa que não haverá trabalho, apenas que o peso do emprego tradicional no mercado tende a diminuir.

Assim, se até então todos os profissionais eram aconselhados a cuidar da sua empregabilidade, atualmente ganha importância o conceito de "trabalhabilidade".

Rosa Krausz, coach executiva e empresarial, publicou um livro sobre o tema já em 1999. "Criei esse termo para contrapô-lo à empregabilidade. Posso desenvolver minhas capacidades para encontrar um meio de vida que não seja um emprego", afirma.

A ideia é gerar renda para si mesmo usando seus conhecimentos, competências e habilidades, identificando o que sabe e gosta de fazer e que possa ser vendido. Com isso, é possível ganhar mais autonomia profissional e diversificar fontes de renda.

A forma como as empresas encaram o assunto também vem mudando.

Editoria de Arte/Folhapress
Especial Carreiras - Domingo - 18.jun.2018 - Por sua conta e risco - o profissional deve encontrar formas de se manter no mercado com ou sem apoio da empresa

"Há alguns anos apenas empresas de vanguarda viam com bons olhos essa independência. Hoje, diria que 70% das organizações já enxergam isso de forma positiva, porque a pessoa tem outras oportunidades, está ali porque quer", afirma Irene Azevedoh, diretora da empresa de RH Lee Hetch Harrison.

Não é necessário abrir mão do emprego para desenvolver a sua "trabalhabilidade". A administradora Joselita Cunha, 48, é diretora financeira de uma empresa na área de saúde e se tornou instrutora de meditação em 2012.

"Há dez anos eu estava passando por uma fase difícil após uma separação e adotei a prática. Mas também gosto muito da área financeira. Então vejo um propósito e me sinto realizada nas duas atividades, sem que uma interfira na outra", conta.

A capacidade de se adaptar e de gerenciar a própria renda é fundamental para quem não quer depender de um único empregador. "Quando você está empregado, a empresa faz muito desse gerenciamento por você: retém o imposto de renda, deposita o FGTS, recolhe o INSS", destaca Elaine Saad, presidente da ABRH Brasil (Associação Brasileira de Recursos Humanos).

Para Fabio Sandes, 39, trilhar o caminho da independência compensou. Ele era gerente de produtos em uma empresa e perdeu o emprego em 2015. Resolveu fazer doutorado, mas precisava de renda. Conseguiu trabalho de consultoria em uma empresa no Rio Grande do Sul, para onde vai esporadicamente.

Ao mesmo tempo surgiu a oportunidade de dar aulas e coordenar um programa de pós-graduação. "No começo foi difícil gerenciar meu tempo, mas aprendi a me organizar. Trabalho mais, mas sinto menos. Ganho o dobro do que quando era funcionário."

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