Um em cada três recrutadores tem dificuldade de encontrar nos executivos com MBA habilidades comportamentais, conhecidas pelo termo em inglês de "soft skills". É o que revela pesquisa do jornal britânico "Financial Times", divulgada em agosto, que perguntou a 48 empregadores de diferentes países quais competências eles buscam, mas não encontram nesses profissionais.
A capacidade de gerenciar o tempo é a mais difícil de achar. Também foram citados aspectos como lidar com pessoas de perfis diversos, criar uma rede de contatos, solucionar problemas complexos e entender o impacto digital nas empresas.
OBJETIVOS
Ter clareza de onde se quer chegar ou o que está tentando alcançar é fundamental para saber o que priorizar e assim administrar melhor o tempo. O objetivo pode ser cursar uma especialização ou implantar um software na empresa. Para atingi-lo, especialistas sugerem criar um plano de ação com metas de curto, médio e longo prazo.
Se a ideia é fazer um MBA em finanças, por exemplo, o plano pode conter ações como investigar cursos disponíveis na internet, na primeira semana; entrar em contato com as escolas e visitá-las, no período de um mês; fazer a matrícula até o fim de 2017; e terminar o curso em 2019.
"A disciplina ajuda a manter o foco no que é mais importante", diz o coach Dias.
DIVERSIDADE
Contar na equipe com pessoas de características variadas pode ser um bom exercício para aprender a lidar com diferentes pontos de vista. "O convívio provoca reflexão", diz Genis Fidelis, consultor sênior da Michael Page.
Rannison Silva, gerente de negócios da Robert Half, aconselha a aproximação com parceiros estratégicos da companhia para entender o que eles fazem e qual o seu impacto na empresa. Num negócio de moda, por exemplo, isso pode incluir indústrias de tecido, confecções de roupa, costureiras e estilistas.
O coach Emerson Weslei Dias aconselha a executivos aproveitar o networking do MBA para visitar empresas de outros segmentos e com modos diferentes de trabalhar.
RELACIONAMENTO
Essa convivência também contribui para a criação de uma rede de contatos.
"Se você trabalha com marketing em uma empresa de bens de consumo, tem de interagir com a indústria de higiene e beleza, mas também pode se relacionar com as start-ups, visitar associações de classe, participar de reuniões que discutam economia criativa, porque daí podem surgir parcerias para a produção de um item, como um sabonete, de modo mais sustentável, por exemplo", diz Eduardo Seidenthal, fundador e membro da Rede Ubuntu, empresa de educação, consultoria e coaching.
OBSTÁCULOS
O levantamento do "Financial Times" também aponta a falta de capacidade de resolver problemas complexos como uma das habilidades que faltam aos formandos dos MBAs em todo o mundo.
Segundo Vânia Faria Sutherberry, diretora da consultoria Evolução Humana, deve-se priorizar a solução, não a dificuldade.
Ela dá o exemplo de uma equipe que não consegue atingir as suas metas."Se observarmos um clima de competição, será preciso investir em comportamentos que estimulem o trabalho em equipe, como confiança, cooperação e colaboração."
Para Eduardo Seidenthal, da Ubuntu, experiências inusitadas, como aulas para palhaço, teatro e meditação podem ajudar. "Elas contribuem para o pensamento não linear, para a criatividade e para o improviso, que podem nos trazer novos jeitos de abordar os problemas."
IMPACTO DIGITAL
O conhecimento do negócio é essencial para escolher quais inovações serão incorporadas. Para Sutherberry, não se trata de adotar tecnologias por modismo, o que resulta em perda de tempo e produtividade. No caso das rede sociais, ela orienta escolher as que fazem sentido para o objetivo do negócio.
Para Seidenthal, da Rede Ubuntu, é importante saber o que empresas avançadas em tecnologia estão fazendo. "O conhecimento abre a mente e dá autonomia para ir atrás de soluções distintas."