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Para psicólogos, prever ato ilegal é impossível

Embora considerem os testes de integridade como uma forma válida para conhecer melhor funcionários e candidatos, professores de psicologia ouvidos pela Folha questionam os resultados práticos ou as metodologias desses processos.

Para Eduardo Fraga, da Universidade Presbiteriana Mackenzie, não é possível prever atos ilícitos. "É muito difícil garantir comportamentos futuros", diz.

"A ética está sempre ligada ao caso concreto, determinado pela situação e pelo dilema. Uma pessoa que foi honesta a vida inteira pode roubar uma certa quantia para pagar tratamento médico de um filho", exemplifica.

Além disso, Fraga afirma que o avaliado sempre pode mentir e dar respostas de acordo com o que imagina que a empresa queira ouvir.

"O resultado não significa que se está provando ou deixando de provar a honestidade do profissional."

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Two businessman shaking hands at office ORG XMIT: 53616c7465645f5ff9a1e1550973b6cd ***DIREITOS RESERVADOS. NÃO PUBLICAR SEM AUTORIZAÇÃO DO DETENTOR DOS DIREITOS AUTORAIS E DE IMAGEM***
Ideia dos testes de integridade é averiguar o que o profissional interpreta como certo e errado

Segundo Antonio Hencsey, da Protiviti, que aplica os testes, o objetivo não é julgar se uma pessoa é honesta. "O processo não tem o objetivo de categorizar. O que se quer é entender como o profissional enxerga o que é certo e o que é errado", afirma.

Uma forma de aumentar a confiabilidade dos testes seria a inclusão de dinâmicas de grupo naqueles que são individuais, diz Hélio Deliberador, do departamento de psicologia social da PUC-SP.

"É um elemento para avaliar a performance num contexto verdadeiro, de relacionamento de pessoas que estão na mesma situação, e ver como cada um resolveria os problemas", diz Deliberador, para quem sempre será necessário levar em consideração uma margem de erro.

Renato Santos, da S2, trabalha com um percentual de 67% de validação. "Não existe nenhum teste que pega 100% dos casos. É o mesmo índice de predição de qualquer teste de personalidade. Cerca de um terço vai conseguir dissimular", diz.

"Mesmo assim, o fato de se deparar com esse tipo de teste já inibe um comportamento de risco. Mostra que a empresa é séria", afirma.

Editoria de Arte/Folhapress
ser ou não ser Como agem os brasileiros diante de dilemas profissionais, em %
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