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"Empresas podem incentivar mais projetos com miniequipes multigeracionais", diz consultor

Mais do que fazer com que as diferentes gerações conversem mais, é hora de colocá-las para trabalhar juntas em projetos experimentais, que permitam colocar novas ideias em prática e aprender com os equívocos.

A avaliação é do consultor de recursos humanos americano Jamie Notter, especialista em solução de conflitos e nas relações intergeracionais.

"A organização pode escolher iniciativas pequenas, de baixo custo. Não é preciso mobilizar todo mundo", diz.

Divulgação
O consultor de RH americano Jamie Notter
O consultor de RH americano Jamie Notter

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Folha - Quais são as principais queixas dos mais velhos sobre a nova geração?

Jamie Notter - Os veteranos reclamam que os jovens são impacientes e querem responsabilidade sem ter experiência. Não há nada de novo nisso -a cada 20 anos a geração que está na liderança reclama de quem chega.

Esses jovens querem espaço sem a hierarquia tradicional?

De certa forma. A nova geração não está tentando tomar o poder, nem acha que os mais velhos têm de fazer tudo que eles dizem, mas quer participar mais. Para um jovem, abordar um diretor no corredor para conversar, sugerir algo ou tirar uma dúvida seria algo normal. Isso porque a internet deu a eles, desde muito cedo, o poder de buscar informações e discuti-las mais de igual para igual com pais e educadores. Mas, quando reproduzem esse comportamento na empresa, não podem.

Muitas empresas têm investido na mentoria reversa para incentivar o contato entre diferentes gerações. Ajuda?

Acho que sim. A maioria tem colocado os jovens para ensinar os mais velhos sobre tecnologia e mídias sociais. É bom, mas gostaria de ver os veteranos interessados em saber como a nova geração avalia os problemas de gestão da empresa, por exemplo. Claro que não têm todas as respostas, são inexperientes. Por isso, vale ouvir tudo com cautela, mas ver que perspectiva deles pode trazer boas ideias.

Como fazer com que os líderes sejam mais receptivos?

Qualquer gestor entende resultados. Por isso, antes de propor alguma coisa, aconselho ao novato levantar dados, experimentar e aí levar essas conclusões à liderança. Os jovens respondem bem a esses desafios práticos, mais do que apenas discutir ideias.

Como negociar melhor e melhorar esse relacionamento?

Esqueça a questão geracional e priorize a negociação em si. Em geral, as duas partes tem respostas diferentes e uma fica tentando convencer a outra. Vale mais a pena entender como o outro chegou a essa conclusão. Quando nos desapegamos da ideia inicial, pode surgir uma terceira solução muito mais satisfatória.

Discordar é parte do processo de criar algo original?

Sem dúvida. No trabalho, esses jovens esperam pessoas com visões de mundo distintas. Num ambiente assim, discordar é algo natural. Para os mais velhos, se a equipe não concorda, isso é uma falha de gestão. Não que os jovens sejam melhores para resolver conflitos, mas não se surpreendem quando alguém não concorda com o que estão dizendo. Vamos ver como se comportarão quando chegarem à alta gestão.

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