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Análise

Chefe ainda é o espelho ideal na escolha do visual certo para o escritório

Mark Zuckerberg, o jovem bilionário do Facebook, só usa jeans e camiseta porque, segundo disse numa entrevista, não perde tempo com "coisas bobas e frívolas".

O comentário de 2014 agradou aos fãs dos textões de rede social, mas o "lacre" só durou até abril passado, quando o empresário se viu obrigado a pensar nos próprios nós: tanto o da gravata quanto o que teria de desatar para explicar a senadores o vazamento das informações de usuários nas últimas eleições americanas.

O retrato de executivo responsável vendido por Zuckerberg em seu depoimento traduz o preceito básico de que a roupa deve espelhar o ambiente e convencer o interlocutor -no caso dele, os parlamentares- de que você é confiável.

A cartilha do "use o que quiser", essa que a moda diz ser a nova regra para o escritório, é uma armadilha que pode minar chances de contratação, promoção e, como ilustra o caso de Zuckerberg, até de absolvição.

Para além das regras empoeiradas sobre como combinar cinto e sapato, o segredo para não errar é ter os chefes como referência. Se usam gravata no expediente, é porque esperam que os subordinados também o façam. Mas se têm costume de só usar camisa, o acessório e seus múltiplos nós estão dispensados.

No mundo corporativo, essa lógica também vale para os comprimentos das saias, o uso da barba e as polêmicas bermudas das sextas-feiras.

Não significa que todos devam se vestir iguais, mas os limites têm de estar claros para, a partir deles, os conjuntos serem adaptados às individualidades dos funcionários.

Especialistas costumam dizer que o certo é apostar em um degrau de estilo abaixo do chefe direto, porque a cópia fiel poderia soar como ameaça ao território na cabeça do patrão.

Sim, o emocional do chefe também influi no quão "fashion", conservador ou neutro o funcionário deveria se mostrar. Na dúvida, melhor achar um meio termo entre a liderança e os colegas ao lado.

Ao mesmo tempo, anular-se também não parece uma escolha inteligente. Pessoas que empacam entre o preto e o branco, por exemplo, tendem a se tornar funcionários cinzas, cuja imagem inexpressiva transmite pouca inovação.

A não ser que a ideia seja mesmo desfocar a atenção para longe, como nos trabalhos de comunicação com o público, quando atrair olhares significa estar sujeito a pré-julgamentos que podem dificultar o contato, cores e acessórios se mostram ferramentas úteis.

Desde que a gravata e o tailleur bege deixaram de ser escolhas uníssonas, o mercado aumentou a oferta de abotoaduras, lenços, canetas, tamanhos de saltos e estampas para atender à demanda de gente saída do armário incolor.

Não há um jeito certo de usá-los, mas conservadores costumam recomendar um único ponto de luz. Ou seja, uma estampa para duas peças neutras, um lenço colorido para um conjunto monocromático. É um jeito comedido de desafiar restrições do passado.

Na abertura do mundo corporativo, fruto da descentralização do ambiente de trabalho e da ascensão de jovens avessos a códigos rígidos, o que importa é a balança do bom senso e a sinceridade.

"Coisas bobas e frívolas" nunca foram tão reveladoras como nesse tempo online, quando a selfie no Insta e a foto no Face são provas do quão verídica é a sua imagem offline.

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