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Êxodo de brasileiros aquece o mercado de "família vende tudo"

Joel Silva/Folhapress
A empresária Pamella de Barros, 33, na sua casa em SP
A empresária Pamella de Barros, 33, na sua casa em SP

A mudança de brasileiros para o exterior está impulsionando o mercado de empresas especializadas em vender tudo o que há dentro de uma casa, de móveis a roupas.

"Três anos atrás, os clientes nessa situação eram dois em cada dez. Hoje, são oito", diz Bernardo Rosa, dono da Família Rosa Vende Tudo, na Grande São Paulo.

Inspirado nas "garage sales", os bazares de garagem norte-americanos, o serviço busca facilitar a vida de quem vai se mudar e deixar para trás todos os pertences. A empresa avalia a mobília, sugere os preços, organiza o evento e recebe os compradores.

"A única preocupação do dono é tirar da casa algo que queira levar", afirma Regina Pall, dona da Família Muda e Vende Tudo, de Alphaville.

O aposentado Gabriel (não revelou o sobrenome), 66, vai se mudar com a mulher para Israel. Para se desfazer dos bens do apartamento na Vila Leopoldina (zona oeste), contratou uma empresa. "Seria complicado fazer isso sozinho. Em dois dias de evento, não sobrou quase nada."

Rosana Nahas, 42, também optou por terceirizar a venda. A consultora de sistemas vai deixar sua casa em Alphaville para morar em um apartamento mobiliado na mesma região. Com dois filhos pequenos, ela e o marido não teriam tempo ou paciência para separar os itens.

"Uma porcentagem do que a gente ganha fica com a empresa, mas vale a pena para evitar o desgaste", diz Nahas. "Além disso, não sei se, sozinhos, conseguiríamos compradores suficientes."

As empresas especializadas em "família vende tudo" cobram de 20% a 30% do valor da venda. Para aceitarem fazer o serviço, a casa tem que estar completa, e os objetos, em bom estado.

"Com funcionários e divulgação, gasto entre R$ 6.000 e R$ 8.000. Preciso olhar a residência antes para ver se terei lucro", afirma Rosa.

Danilo Verpa/Folhapress
Bazar na casa da consultora de sistemas Rosana Nahas, em Alphaville, na Grande SP
Bazar na casa da consultora de sistemas Rosana Nahas, em Alphaville, na Grande SP

Segundo Patrícia Nora, proprietária da Família Vende Tudo by Patrícia Nora, em média 200 pessoas passam pelo imóvel em dois dias de bazar, geralmente aos finais de semana. O recorde de público da empresa foi de 1.500 visitantes, em evento realizado em 2012 em Ubatuba, na casa do estilista Clodovil Hernandes, já morto.

Para os compradores, a grande vantagem é o preço. Nos bazares, é possível encontrar eletrodomésticos por até um terço do valor de loja. No entanto, a maioria dos produtos não possui garantia e as empresas não se responsabilizam pela entrega.

SEM AJUDA

Vender toda a mobília de uma casa por conta própria não é uma missão impossível. De casamento marcado, a publicitária Leticia Vitti, 23, vai se mudar em breve e não quer levar quase nada para o novo apartamento.

Anunciou os produtos no Facebook e, em dois dias, recebeu 30 mensagens e vendeu tudo. "Os compradores foram até a minha casa e me pagaram em dinheiro."

Para calcular o preço de cada item, ela considerou o quanto pagou, o tempo de uso e o valor que as pessoas estariam dispostas a desembolsar. "Só poderia ter pedido mais pelo micro-ondas. Cobrei R$ 100 e a procura foi muito grande", conta.

Apesar disso, não se arrepende de ter organizado tudo sozinha. "Prefiro ter um pouco mais de trabalho e ficar com o valor integral da venda", afirma.

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