Na avenida que margeia o rio Pinheiros, no Butantã, escondida pelas árvores, está a Casa do Bandeirante, um dos patrimônios arquitetônicos tombados de São Paulo.
A construção é uma típica habitação rural paulista erguida entre os séculos 17 e 18, na área periférica ao núcleo urbano da época.
A casa é feita em taipa de pilão, técnica que consiste no apiloamento de terra misturada a outros materiais, como vísceras, gordura e óleos, entre formas de madeira, chamadas de taipas.
Segundo Júlia Anversa, coordenadora do educativo do Museu da Cidade, que gerencia o local, não só a construção em si é um patrimônio, mas também sua localização é privilegiada.
"Ela nos ensina como se davam as ocupações das margens dos cursos d'água e caminhos ao interior em São Paulo, reflexo de saberes indígenas principalmente", explica Anversa.
A história do Butantã, onde a casa se encontra, remonta a 1566, quando uma sesmaria foi concedida aos portugueses Jorge Moreira, capitão-mor e governador da capitania de São Vicente, e seu sogro Garcia Rodrigues, na paragem conhecida então como "Uvatantan".
Avener Prado/Folhapress | ||
Detalhe da construção de taipas |
Posteriormente, a área foi doada aos jesuítas. Com a expulsão da ordem religiosa e o confisco de suas terras em 1759, foi a leilão e passou por vários donos.
A Companhia City de São Paulo, responsável pela urbanização de várias bairros da cidade, comprou a propriedade em 1912 e, em 1944, doou ao município o lote onde está a casa.
Até o início dos anos 1950, ela permaneceu sem uso, mas, em 1953, a comissão do 4º Centenário de São Paulo assumiu sua restauração, liderada à época pelo arquiteto Luis Saia.
Dois anos depois, ela foi transformada em um museu, dedicado ao cotidiano rural da época das bandeiras. "Aqui, o foco é seu acervo arquitetônico", diz Anversa.
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Casa do Bandeirante, localizada ao lado do rio Pinheiros |
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CASA DO BANDEIRANTE
ONDE: Praça Monteiro Lobato, s/nº
HORÁRIO: de terça a domingo, das 9h às 17h
ENTRADA: gratuita e há visitas guiadas educativas