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centro e zona norte

Jaçanã da música 'Trem das Onze' também foi o bairro do cinema paulista

Famoso por ser citado no clássico samba de Adoniran Barbosa, o Jaçanã também teve dias de Hollywood. O bairro da zona norte abrigou, nos anos 1950, a Companhia Cinematográfica Maristela, estúdio e produtora responsável por filmes importantes.

Divulgação
Equipe da Companhia Cinematográfica Maristela durante a filmagem de "Presença de Anita", produção de 1951
Equipe da Companhia Cinematográfica Maristela durante a filmagem de "Presença de Anita", produção de 1951

Entre eles estão o "O Comprador de Fazendas" (1951), baseado em conto de Monteiro Lobato e estrelado por Procópio Ferreira, e "Meu Destino É Pecar" (1952), primeira obra de Nelson Rodrigues adaptada para cinema.

A Companhia Maristela não foi tão ambiciosa quanto o estúdio Vera Cruz, mas "foi importante para esse período do cinema brasileiro", diz Rafael de Luna Freire, chefe do departamento de cinema e vídeo da Universidade Federal Fluminense.

O estúdio foi criado em 1951 por Mário Boeris Audrá Júnior, o Marinho (1925-2005), filho de industriais, numa época em que empresários começavam a enxergar o cinema como atividade rentável. A ideia de Marinho empolgou sua família, que comprou terrenos no Jaçanã.

"Apostaram na valorização. Ter estúdios na área era um jeito de mantê-la ocupada esperando o desenvolvimento do bairro", diz Luna.

Segundo Marco Audrá, 50, filho de Marinho, foram construídos seis galpões nas imediações da avenida Mendes da Rocha. Um ainda está lá, mas funciona como fábrica.

Audrá é hoje diretor de uma produtora e restauradora de filmes que empresta o nome do antigo estúdio.

A Maristela investiu em produções mais modestas que o Vera Cruz. Comédias despretenciosas, mas "com humor mais sofisticado que as chanchadas cariocas", foram um dos pontos fortes, diz o professor Luna. Filmes de ação e melodramas também eram produzidos lá.

A Maristela produziu 20 filmes próprios. Seus estúdios e equipamentos foram usados em mais de 60 produções.

A empresa funcionou até 1959. "É difícil escolher um só motivo para a falência, mas um problema era manter os custos do estúdio competindo em um mercado explorado pelo cinema internacional, com ingresso caro e público reduzido. Não havia leis de incentivo como hoje", diz Luna.

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