Em Osasco, viola caipira e guitarra elétrica dividem espaço em bares, casas de show e até nas regras oficiais. Uma lei estadual reconhece a cidade como a "Capital da Viola", outra municipal determina que haja todo mês de julho uma semana de eventos dedicados ao rock por lá.
A música caipira já estava presente no município no início do século 20, quando se formaram as primeiras duplas. Mas a fama dos violeiros se espalhou na década de 1960 por meio de programas da extinta Rádio São Paulo.
Katia Kuwabara/Folhapress | ||
Ensaio da Orquestra de Violeiros de Osasco |
"Pessoas do interior do Estado vieram trabalhar nas indústrias e tinham uma forte identificação com as modas de viola", diz Samuel Batista, diretor de artes da Secretaria de Cultura de Osasco.
Em 1969, foi fundada na cidade a primeira orquestra de viola caipira do país e, dois anos depois, foi aberta a Casa do Violeiro, que promove cursos e eventos. É onde a orquestra se reúne para ensaios e apresentações. "Temos cerca de 30 alunos que estudam viola. Fazemos de tudo para não deixar a música caipira acabar", afirma Antônio Cadeira, presidente da casa.
Outra filha de Osasco é a Associação Brasileira Cultural de Artistas Sertanejos, fundada em 1975 com o objetivo de estimular a produção do estilo musical. "O título da cidade é mais que merecido, apesar de as pessoas não darem tanto valor", diz Roque Prata, diretor da associação.
Para o empresário Messias Pavani Junior, 38, que abriu há três meses o bar Viola Véia, totalmente dedicado a esse som, é preciso reunir os interessados em música de raiz. "Os clientes me pedem para manter isso vivo", diz.
O local sempre enche às quintas e aos sábados, quando se apresenta a dupla Santello e Pavani, formada pelos irmãos de Junior.
Para Eva Coutinho, editora do site Cultura Osasco, faltam eventos na cidade que chamem a atenção das novas gerações para a música caipira. "O gênero que mais tem adeptos atualmente é o rock", diz ela. "Além das apresentações nos bares, existem muitos eventos coletivos."
O rock tocado na cidade atrai pessoas de toda a Grande São Paulo. "O público recebe bem as bandas autorais e vemos uma invasão de grupos de São Paulo, porque há muito lugar bacana para se apresentar aqui", afirma Junior Bertoldi, proprietário da Amplitude Studio.
Divulgação | ||
Apresentação da banda Inocentes, no Pub Casa Amarela, em Osasco |
A empresa dele é responsável pela organização da Semana do Rock e do Osasco Rock Fest, os dois principais eventos do estilo na cidade.
O interesse por esse tipo de música se intensificou depois do primeiro Osasco Rock Fest, em 2013. Na ocasião, o festival que prioriza bandas da cidade recebeu 110 inscrições de grupos locais. "Descobrimos que havia muito rock escondido por aqui", lembra Bertoldi.
Desde então, o número de bares e casas de show especializados nesse som vem aumentando. A Semana do Rock ocorre na cidade desde 2014, sempre em julho, com shows, cursos e workshops. Segundo os organizadores, o público dobra a cada ano.
Apostando nesse cenário, Paula Gironda, 36, vai inaugurar na Vila Campesina, em dezembro, o Gironda Rock Bar, um bar de rock de 250 m² e 500 lugares. "Queremos trazer bandas autorais de toda a região", afirma a empresária, que é casada com um roqueiro.