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Grande São Paulo

Em Osasco, Décio Pignatari viveu sua primeira fase criativa

Rua da Estação, 25, centro. O lugar que hoje abriga uma loja de doces em Osasco (Grande São Paulo) foi o endereço do poeta Décio Pignatari (1927-2012) até os 25 anos. Na época, Osasco era um distrito da capital paulista. E se tornaria município alguns anos mais tarde, em 1962.

Pignatari, que com os irmãos Augusto, 85, e Haroldo de Campos (1929-2003) criou a poesia concreta, foi também publicitário, ator, professor universitário e tradutor.

Filho de pais italianos, que desembarcaram no Brasil no final do século 19, Pignatari nasceu em 1927, na cidade de Jundiaí (a 58 km da capital paulista), mas foi em Osasco que ele viveu a sua primeira fase criativa.

Lá, nos anos 1940, fundou a companhia de teatro Cartilha, onde encenou "Ratos e Homens", de John Steinbeck, com a irmã, a professora aposentada Helena Pignatari Werner, 86, no centenário clube Floresta. "Era uma peça muito crítica. Foi a partir daí que ele começou a ter muitas ideias", diz Helena.

Acervo pessoal
Poeta Décio Pignatari (primeiro da esq. para a dir.) com seu time de futebol em Osasco
Poeta Décio Pignatari (primeiro da esq. para a dir.) com seu time de futebol em Osasco

FRANKENSTEIN

O contato com o cinema, por exemplo, ocorreu cedo, ainda na infância. No Cinema Osasco, assistiu aos oito anos "Frankenstein" -e a sessão lhe rendeu pesadelos até os 18, conta o amigo Augusto de Campos.

"Ele dizia que não podia ficar num lugar muito escuro que logo se lembrava do Boris Karloff [ator que deu vida ao monstro em 1931]", diz.

Augusto conheceu Pignatari na Faculdade de Direito do Largo São Francisco, no final dos anos 1940. "Era atrevido e crítico. Ao lado dessa personalidade, surgiram descobertas como a poesia concreta", diz.

E completa. "Lembro-me de um Décio que vivia correndo entre uma estação de trem e outra para estudar."

Foi nesse vaivém que Pignatari conheceu a mulher, Lila, conta Dante, 57, filho do poeta e guardião do espólio do pai. "O amor entre eles foi à primeira vista", afirma.

"Meu pai tinha uma ligação especial com Osasco. Gostava de nos levar aos almoços de família e jogava futebol. Tinha seu clube de várzea na cidade", diz Dante.

No seu único romance publicado, "Panteros - Uma Auto Biografia Não Autorizada", de 1992, Pignatari relembra passagens de sua vida osasquense e narra o impacto, em sua juventude, de episódios como a chegada de imigrantes europeus à estação de trem do então distrito paulistano.

Divulgação
O poeta concreto Décio Pignatari
O poeta concreto Décio Pignatari
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