Guarujá, clássico reduto das férias do paulistano, tem sido procurado por outro tipo de comprador: famílias do interior e da região metropolitana de São Paulo.
Morador de Piracicaba, o empresário Silvio Luiz, 54, comprou um imóvel na cidade neste ano e, agora, viaja uma vez por mês com a mulher e a filha. "As opções de lazer e de alimentação são melhores que nas outras cidades do litoral sul", afirma.
O médico Mário Pereira, 60, concorda. Ele viaja de Itu para o litoral ao menos dez vezes ao ano com os filhos. E prefere Guarujá pela limpeza das praias. "É mais tranquilo que Santos, mas ainda tem uma boa estrutura urbana", diz ele, que comprou um apartamento em 2014.
"O cliente que gosta de sossego foi para o litoral norte, mas quem quer infraestrutura, como cinema e restaurantes, continua querendo ir para Guarujá", afirma Osmar Luiz Quaggio Gomes, diretor da construtora Zenithal.
Segundo dados da Gobatti Condomínios, 32% dos seus imóveis foram adquiridos por compradores do interior de São Paulo. O resultado coincide com os do grupo Brasil Brokers: 56% dos compradores são paulistanos, e 34%, de outros municípios.
"O público continua sendo o paulistano, mas cresceu a procura do pessoal do interior, de Piracicaba, Ribeirão Preto, Campinas, São José do Rio Preto", diz Ronaldo Roldão, diretor comercial da imobiliária Abyara.
Luis Felipe Gatti, gerente de vendas da construtora Steco, que atua na cidade, percebe a mesma tendência. "Quem está comprando são casais do interior, de mais de 50 anos, que já têm um imóvel", diz. "Há também muita gente que comprou unidades no litoral norte, mas que cansou de ficar no trânsito."
A maior parte das moradias disponíveis para venda ou locação tem mais de 91 m², segundo a ZAP Imóveis. Mas cresce a oferta de apartamentos menores, de até 60 m².
Ainda assim, novas opções à beira-mar são poucas. Pesquisa da Geoimovel mostra que o número de lançamentos em Guarujá caiu de 736 em 2015 para nenhum em 2016.