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litoral e interior

Ubatuba concentra maioria dos novos apartamentos no litoral norte de SP

Ubatuba, no litoral norte de São Paulo, voltou à crista da onda. Conhecida por atrair surfistas e jovens que aplaudem o pôr do sol, a cidade vê um número crescente de pessoas interessadas em comprar um apartamento e aproveitar as suas 102 praias em feriados e fins de semana.

De acordo com dados da consultoria Geoimovel, 1.872 unidades foram lançadas no município, em São Sebastião e Caraguatatuba nos últimos três anos -destas, 1.160 (ou 62%) estão em Ubatuba.

Reinaldo Canato/Folhapress
SAO PAULO SP BRASIL - 30.11.2016 - MORAR FSP-SUP-ESPECIAIS LITORAL-INTERIOR -Sao Jose dos Campos e Ubatuba Condominio Voga Residence Rua Sete Fontes, 245 - Saco da Ribeira,Ubatuba Foto Reinaldo Canato /Folhapress
Vista da sacada do apartamento no Voga Residence, em Ubatuba, litoral norte de São Paulo

A última vez que a região tinha visto um interesse tão grande havia sido ainda no século 19, quando o seu porto era um dos principais pontos de escoamento do café vindo do sul de Minas Gerais e do Vale do Paraíba.
Só que, logo depois, as plantações se expandiram para o oeste paulista, o que fez com que o porto de Santos logo superasse o de Ubatuba. O município passou a ficar mais isolado.

Muito graças a isso, 87% dos 71 mil hectares da cidade têm hoje mata atlântica preservada, principalmente no parque estadual da Serra do Mar. Apenas 2,5% de sua área é urbanizada -o que hoje atrai turistas em busca de sossego e contato exclusivo com o litoral preservado.

Com pouco mais de 87 mil habitantes, Ubatuba recebe, no verão, cerca de 100 mil pessoas -segundo estimativa da Cetesb (Companhia Ambiental do Estado de São Paulo). Muitos desses visitantes têm casas nas praias da região, já que a estrutura de hotéis ainda é tímida.

"Existem dois perfis de compradores hoje: a classe média, que procura unidades menores e mais baratas, e uma parcela mais rica, que prefere casas grandes que tenham heliponto e marina para estacionar o seu barco", afirma Frederico Marcondes César, diretor do Secovi (sindicato da habitação) para a região do Vale do Paraíba.

Para o primeiro time, está o Jardim das Palmeiras, com previsão de entrega para dezembro. As unidades têm dois dormitórios e área a partir de 45 m², com valores iniciais de R$ 190 mil. Para o segundo, há o Voga Residence. As unidades podem chegar a 333 m², dispõem de garagem para barcos e custam a partir de R$ 900 mil.

EXTREMOS

O levantamento da Geoimovel mostra esses dois extremos. No total, foram lançadas 150 unidades com um dormitório e três unidades com quatro dormitórios no litoral norte: todas estão em Ubatuba -as demais cidades concentram apenas lançamentos de dois ou três quartos.

Os padrões dos prédios podem ser diferentes, mas eles têm algo em comum: a altura. Uma lei municipal prevê que edifícios tenham no máximo cinco andares.

"Isso é um problema, porque existe uma demanda alta por imóveis na região, mas pouca oferta -o que deixa o metro quadrado mais caro. Com uma verticalização um pouco mais acentuada, o preço cairia e os apartamentos ficariam mais acessíveis. Hoje, Ubatuba caminha para ser uma região de luxo", afirma Monteclaro César, professor de urbanismo da Unitau (Universidade de Taubaté), que pesquisa a região.

O preço médio do metro quadrado na cidade é de R$ 5.222 -ante R$ 4.450 em Caraguatatuba, por exemplo.

"Quanto mais gente, mais impacto na infraestrutura. Hoje já há dificuldade em instalar rede de saneamento básico, porque muitas das praias ficam longe do centro. Várias delas jogam o esgoto no mar", diz Danielle Klintowitz, coordenadora de urbanismo do Instituto Pólis.

Outra preocupação é em relação à preservação da mata atlântica. "Quem vende o seu terreno para um novo condomínio vai, muitas vezes, para uma região mais afastada. Isso força o desmatamento", diz Klintowitz.

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