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Exibicionismo gourmet influencia projetos de torneiras

Uma fonte sempre chama a atenção. Nos jardins do interior, era em volta da bica d'água que se reuniam viajantes, passantes e trabalhadores, para se hidratar, descansar e se abastecer com galões ou garrafas.

Nos tempos de cozinha de estar, os novos chafarizes são as torneiras com cabo flexível. Propícias ao exibicionismo gourmet, as mangueiras aparecem nas ilhas de preparação como periscópios que emergem da água, único ponto de destaque no horizonte do ambiente. Coloridas, transparentes ou pretas, com ou sem aramados em volta.

TOQUE PROFISSIONAL

Herdadas das cozinhas industriais, dão um tom de profissionalismo a qualquer bancada. Funcionais? Sim, não há como negar.

Com as mangueiras, você amplia o movimento num raio de cerca de 30 centímetros. Pode jatear melhor legumes, verduras e demais matérias-primas de suas receitas, além de poder higienizar a própria bancada de trabalho. Dosar precisamente a quantidade de água é uma outra vantagem.

O designer de produtos Fabio Mauricio Faria Melo, que tem 20 anos de experiência atuando na Lorenzetti, diz que os projetos de equipamentos de construção levam em conta fatores técnicos, estéticos e comportamentais.

"Às vezes, aspectos comportamentais pesam mais. O que é uma família hoje? Quais são seus hábitos e qual sua rotina?", pergunta. E ele mesmo resume: "Sabe o que está acontecendo hoje no mundo da cozinha? MasterChef".

"No mercado imobiliário já havia se notado o retorno à cozinha, a invenção da varanda gourmet, o maior interesse às áreas de convívio e bem estar. Isso tem pesado na escolha de um imóvel".

E, dentro da cozinha, as torneiras com cara profissional. É como se estivesse implícito: "Com essa cozinha, você só pode cozinhar bem", observa Melo, que recebeu em 2016 menção honrosa no prêmio design do Museu da Casa Brasileira pelo projeto dos chuveiros Acqua.

"A mangueira dá a sensação de que você vai conseguir limpar melhor", completa. A esse tipo de sensação, dá-se o nome de "valor percebido".

Para ocupar esse lugar de destaque, a Lorenzetti lança para o segundo semestre de 2017 a linha LorenChef, com preços que variam de R$ 650 a R$ 900, e a LorenVogue, por volta de R$ 1.050.

Duas outras tendências nesse mundo das torneiras são o uso dos misturadores com monocomando e os filtros sob a pia. A demanda dos imóveis explica. "Apartamentos de médio e alto padrão estão sendo entregues já com aquecimento a gás, o que exige os misturadores", diz Edson Suguino, coordenador de produto da Lorenzetti.

"Hoje os monocomandos representam 85% da procura das pias de cozinha e 80% dos lavatórios." Outra tendência, diz, são filtros sob a pia, "para manter o visual clean, sem muitos elementos aparentes".

NOSTALGIA

A partir de um desafio -o de imaginar como seria a vida em 2030-, o multipremiado designer catarinense Jader Almeida projetou a sua primeira linha de equipamentos para banheiro, entre eles uma torneira, em 2015.

"Esse negócio de tentar prever o futuro é perigoso, e, por isso, pensei na função primária da torneira, que é a de conduzir a água para fora de um cano", relata.

Analisando a história das torneiras e buscando uma visão "holística", como ele mesmo define, o designer pensou em um tubo dobrado com uma leve depressão e um bocal que lembra utensílios como o bule, a jarra, a moringa. A alavanca que opera a abertura da torneira lembra os sifões, feitos para bombar a água da bica.

O projeto busca equilibrar inovação e nostalgia. "Tem o mais sofisticado em termos técnicos, combinado com valores simbólicos muito fortes", diz o designer. Segundo Almeida, a referência a objetos conhecidos traz conforto visual e favorece a empatia. "E, ao mesmo tempo, o resultado é surpreendente, não se parece com nada que já existisse antes".

ECONOMIA

Do ponto de vista técnico, o manípulo que controla a vazão permite economia de água, o que é uma preocupação atual do mercado, destaca Almeida.

Apesar de nunca antes ter pensado em desenhar torneiras, o designer conta que não se intimidou. "Como tenho experiência de 20 anos de fábrica, me senti à vontade. Conheço o metal, as máquinas e os processos", diz.

"A torneira tem a ver com todos os meus projetos, em que combino referências do passado com processos do presente. Acho que quanto mais tecnológicos ficamos, mais bucólicos nos tornamos", resume Almeida.

A linha de Jader Almeida está sendo desenvolvida pela empresa Deca.

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