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santana/casa verde

Almir Sater e outros músicos sobem serra da Cantareira atrás de sossego

A cerca de 40 minutos do centro de São Paulo, a serra da Cantareira sempre atraiu artistas em busca de um lugar para plantar amigos, discos e livros, como diz a canção "Casa no Campo", imortalizada na voz de Elis Regina (1945-1982).

A rockeira Rita Lee, 69, também passou uma temporada na "montanha mágica" ao lado do músico Arnaldo Baptista, 68, na época que fazia parte da banda Os Mutantes, nos anos 1970.

Desde então vários artistas subiram a serra à procura de sossego e contato com a natureza, como Renato Teixeira, Zé Geraldo e Sérgio Reis.

A "saudade do mato" fez com que o músico e compositor sul-mato-grossense Almir Sater, 60, engrossasse o coro. Em 1986, ele morava no Paraíso, em São Paulo, e havia decidido voltar para Mato Grosso do Sul.

"Recebi um convite para almoçar na casa do Renato Teixeira, que estava morando há pouco na Cantareira, ele tinha alugado a casa da Elis Regina depois que ela faleceu. Uma semana depois eu estava morando na serra. Aí começou nossa parceria", diz Sater, que acaba de gravar o segundo disco com Teixeira.

A serra até aparece nos versos de uma canção do novo álbum: "A festa rola na floresta inteira / Da Cantareira à Amazônia e Pantanal".

RESERVA NATURAL

De fato, a casa de Almir fica no meio da floresta. O quintal conta com pomar, horta e nascente própria. O cantor vem comprando terrenos ao lado do seu para garantir a preservação da mata.

"Qualquer floresta perto de cidade grande sofre impacto. A Cantareira é fundamental para a qualidade do ar e da água de São Paulo. Não pode ser um loteamento comum. Deveria ser criado aqui um distrito ambiental, se não isso vai acabar", afirma Sater.

Entre os municípios de São Paulo, Guarulhos, Mairiporã e Caieiras, a serra ainda conta com 11 mil hectares de mata atlântica, grande parte dentro do Parque Estadual. Também abriga mananciais. É ali que fica o maior reservatório de água da Grande São Paulo, o sistema Cantareira.

"Mesmo que a pessoa compre área que tenha floresta, precisa pedir autorização para qualquer supressão de vegetação nativa", diz Marcia Hirota, diretora da Fundação SOS Mata Atlântica.

"As pessoas compram terrenos e desmatam sem autorização", afirma. "Antes de comprar é preciso consultar os órgãos ambientais para verificar a situação do loteamento, se é legal, se é área de preservação permanente."

O corretor Carlos Barros, 57, trabalha há 11 anos na Imobiliária da Serra. Segundo ele, o público está em transformação. "Antes, quem buscava a serra eram artistas, intelectuais, empresários. Hoje é a classe média, oriunda da própria zona norte."

O aquiteto Márcio Muller, 37, que trabalha com o irmão na construtora Muller, diz que a empresa tem 30 projetos residenciais em andamento na serra. "Há 25 anos, metade das casas era para morar e metade, para veraneio.

Hoje, 90% são para moradia. São Paulo acabou encostando na serra mesmo", diz.

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