Paulo de Queiroz, 36, quer vender seu Suzuki Samurai 1997. "A tabela Fipe diz que vale R$ 22 mil, mas não entrego por menos de R$ 25 mil", diz o técnico em eletrônica.
Para conseguir o valor que julga digno do carro, não titubeia em investir R$ 2.500.
"Estou dando uma ajeitada nele para vender melhor. Vou substituir as molas e os amortecedores, que ainda são os originais e estão cansados, e também trocar as pastilhas de freio. Quanto ao visual, vou repintar algumas partes e trocar o insulfilm."
Mas também é possível evitar um alto investimento na hora da venda. Segundo a Fenauto (Federação Nacional das Associações dos Revendedores de Veículos Automotores), é preciso sempre investir na conservação do carro.
"A manutenção preventiva sempre sai mais barata do que a reparação de problemas. Parece óbvio, mas a forma como dirigimos também influencia na conservação. Freadas bruscas e passar em lombadas em alta velocidade, por exemplo, podem diminuir a vida útil de componentes como molas e amortecedores", diz Ilídio dos Santos, presidente da entidade.
Um carro bem apresentado é como um cartão de visitas. "Carro à venda tem que estar bonito. Não adianta dizer ao comprador que há apenas pequenas coisas a fazer. Ninguém compra carro para levar na oficina", explica Donizete Aparecido de Oliveira, da Chevy Auto Center.
ONDE VENDER?
Depois de ajeitar pendências mecânicas e estéticas, é hora de eleger como vender.
Roberto Baldi Júnior, 36, anunciará o Volkswagen Jetta TSI só na internet. "Não tenho paciência para as feiras aos domingos. Na internet, você põe o anúncio e deixa lá." Baldi se refere às feiras, geralmente em parques fechados ou estacionamentos, onde vendedores e compradores se encontram.
A mais tradicional é o Feirão Auto Show, aos domingos, no Anhembi, em São Paulo, das 6h às 13h. "O interessado tem cerca de 4.500 veículos à disposição e pode solicitar vistoria no local, obter financiamento e até encaminhar o documento de transferência", afirma Eduardo Ribeiro dos Santos, da Matel Produções, organizadora do evento.
A entrada de compradores e visitantes é gratuita. Quem leva o carro para vender pode escolher, no site da feira (www.autoshow.com.br), pacotes a partir de R$ 88 por dia.
O advogado Ricardo André Barros de Moraes, 37, porém, focará os esforços na venda on-line. "Nas feiras a grande maioria são lojistas. Nas concessionárias oferecem de 15% a 30% menos", opina o dono do Nissan Sentra SL 2014.
Já as concessionárias rebatem afirmando que não pagam menos do que em revendas independentes. "Nelas também há garantia de negociação segura, com o respaldo de uma marca por trás", pontua Alarico Assumpção Jr., da Fenabrave, que congrega distribuidores de veículos.
Segundo ele, os seminovos e usados vivem bom momento. "De janeiro a junho, foram vendidos 4.613.990 de unidades. Apesar da queda de 3,9% em relação aos emplacamentos no mesmo período de 2015, é um bom volume."
Na avaliação da Fenabrave, seminovos são carros com até cinco anos de uso. Para a Fenauto, eles não podem ter mais do que três anos -depois disso, são usados.
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OS CINCO MANDAMENTOS PARA VENDER BEM
A lataria tem que estar bonita, e lanternas, faróis e pneus, em bom estado. Qualquer amassado deve ser reparado
O interior deve ser limpo, inclusive bancos, carpetes e ar-condicionado. Motor sujo causa má impressão
Se uma película do vidro estragar, retire todas
Se o volante estiver descascado, compre capa
Troque as coifas da alavanca do câmbio e do freio de estacionamento
Se o carro tem engate, tire. Veículos que rebocam carretas têm embreagem desgastada e motor com vida útil reduzida