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Carro compartilhado é tendência global, mas engatinha no Brasil

Divulgação
Carros elétricos chineses que são usados no sistema de compartilhamento em Fortaleza (CE)
Carros elétricos chineses que são usados no sistema de compartilhamento em Fortaleza (CE)

Os carros compartilhados do Autolib são encontrados facilmente em Paris. Elétricos, ficam em seus pontos de recarga e sempre estão imundos e arranhados. A aparência mostra o que deu certo -sujeira e avarias denotam uso constante- e o que precisa evoluir na modalidade que se tornou tendência global.

O sistema desenvolvido na capital francesa começou a operar em outubro de 2011 com 66 veículos e 33 estações. Hoje há 4.000 automóveis em 82 cidades, com 5.700 locais de parada. São 100 mil locações por semana, com média de utilização por usuário de 12 quilômetros ou uma hora.

A concessão do Autolib está com a empresa do francês Vincent Bolloré, 54, dono de uma fortuna estimada em 11,2 bilhões de euros.

As regras são semelhantes às aplicadas no compartilhamento de bicicletas em cidades como São Paulo e Rio. Ou seja: a utilização é urbana, com custos e burocracias menores que os de serviços tradicionais de aluguel.

No Brasil, iniciativas assim são embrionárias. A mais recente é o Vamo (Veículos Alternativos para Mobilidade), lançado há um mês em Fortaleza por meio de parceria entre a prefeitura e as empresas Enel, Hapvida e Serttel.

São sete carros elétricos chineses distribuídos por quatro pontos de recarga. A liberação é feita por meio de aplicativo, e há uma taxa mensal de R$ 40 revertida em crédito -cada meia hora custa R$ 20. Minutos extras custam entre R$ 0,50 e R$ 0,80, de acordo com o período de uso.

MATEMÁTICA AVANÇADA - Número de usuários de veículos compartilhados deve dobrar até 2020

DE CARONA

As fabricantes de veículos começam a entrar nessa onda. Segundo a consultoria norte-americana McKinsey, serviços como o compartilhamento de automóveis representarão um mercado de
US$ 1,5 trilhão em 2030 -cerca de 22% da receita gerada pelo setor no mundo.

"Nossa companhia tem de ir além da produção de carros e se tornar uma provedora de mobilidade para que nossos clientes possam escolher a solução mais adequada", diz Carlos Tavares, presidente mundial do grupo PSA, que reúne as marcas Peugeot, Citroën e DS.

A empresa investe o equivalente a R$ 350 milhões na Free2Move, que integrará serviços como compartilhamento, gestão de frotas de veículos elétricos, locação de carros entre particulares e desenvolvimento de aplicativos.

- Receita do mercado mundial de carros compartilhados

A alemã Daimler, que é dona da Mercedes, investe nessa área desde 2008, com Car2Go. O programa tem 2 milhões de membros em cerca de 30 cidades nos EUA, na Europa e na China. A frota funciona com modelos compactos da marca Smart, reservados via smartphone.

Outra alternativa compartilhada é o sistema de caronas controlado pela BlaBlaCar, empresa francesa presente em 22 países. O conceito foi bolado há 12 anos por Frédéric Mazella.

"Criamos um motor de busca capaz de organizar os milhares de lugares vagos nos carros. Ele sincronizava horários e deslocamentos dos motoristas com interessados em compartilhar o itinerário, ou parte dele", diz Mazella.

O BlaBlaCar tem 35 milhões de usuários mundo afora e busca crescer no Brasil. "Estamos conquistando cada vez mais clientes acima dos 40 anos. O maior obstáculo é que as pessoas não querem fazer contato com estranhos", afirma Ricardo Leite, diretor da empresa no Brasil.

Guenter Schiffmann/Bloomberg
Ponto de parada na Alemanha do sistema de compartilhamento Car2Go
Ponto de parada na Alemanha do sistema de compartilhamento Car2Go

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MODALIDADES DE COMPARTILHAMENTO

PONTO A PONTO
Os carros são retirados -e devolvidos- em uma mesma estação ou endereço
INCLUI Combustível e seguro
QUEM ESTÁ NESSA Zazcar (Brasil), Fleety (Curitiba), Zipcar (EUA), Mobility (Suíça), CarFoRe (Japão), DriveMyCar (Austrália)

ALUGUEL TRADICIONAL
Indicado para viagens ou quando é preciso ficar com o carro à disposição por mais tempo. Os veículos podem ser retirados e devolvidos em locais diferentes de acordo com o contrato, sendo possível cumprir percursos interestaduais
INCLUI Combustível e seguro
QUEM ESTÁ NESSA Localiza, Hertz, Avis, Unidas, Movida

B2C (DA EMPRESA PARA O CONSUMIDOR)
A frota de veículos pertence a uma empresa que faz a locação por períodos de tempo. Há uma rede flutuante de bases para apanhar e devolver o veículo
INCLUI Combustível, seguro e assistência mecânica
QUEM ESTÁ NESSA Car2Go (Daimler), DriveNow (BMW), Zazcar (Brasil), Autolib (França)

C2C (DE CONSUMIDORPARA CONSUMIDOR)
O consumidor aluga o seu carro para outro consumidor, com a intermediação de uma empresa. Há uma rede de bases para apanhar e deixar o veículo
INCLUI Combustível, seguro e assistência mecânica
Na Europa, paga-se uma taxa de adesão equivalente a R$ 5,50 por hora ou R$ 55 por dia
QUEM ESTÁ NESSA Communauto (Canadá e França), Koolicar (França), Autoshare (Canadá, Estados Unidos), PegCar, Olacarro, Fleety (Brasil)

COMPARTILHAMENTO DE ITINERÁRIO
Consumidor reparte um trajeto no veículo de outro consumidor, com a intermediação de uma empresa
INCLUI Combustível
Não há taxa de adesão
O preço do itinerário é mais barato do que viagem de ônibus no mesmo percurso

QUEM ESTÁ NESSA BlaBlaCar

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